O renomado escritor brasileiro Ignácio Loyola Brandão comentou hoje sobre a recente eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, afirmando que não ficou surpreso com o resultado, embora lamente a derrota de Kamala Harris. Em entrevista à agência Lusa, o romancista, que recebeu o Prêmio Machado de Assis, destacou a complexidade do cenário político atual.
“É natural essa saída”, disse Loyola Brandão, referindo-se ao resultado eleitoral. Ele observou que a identidade de Harris, sendo uma mulher negra, pode ter influenciado a votação de muitos eleitores americanos. “Nem que caísse uma bomba atómica”, acrescentou, enfatizando as barreiras que enfrentou.
O escritor, presente na III Festa Literária da Morada do Sol em Araraquara, Brasil, relacionou a vitória de Trump aos desafios globais que incluem descontentamento e desespero generalizados. “Com guerras sangrentas em várias partes do mundo, como no Médio Oriente e na Ucrânia, o mundo não sabe o que fazer”, afirmou.
Loyola Brandão alertou para questões graves como as alterações climáticas, a fome e a ameaça nuclear, que, segundo ele, representam riscos reais à sobrevivência da humanidade. Ele viu a vitória de Trump como um indicativo de que “o mundo começa a mostrar o seu fim” e que alguns líderes parecem “querer o morticínio”.
“Como fugir disto? Não sei”, admitiu. O autor expressou frustração também com a atual situação política no Brasil, mencionando sua desilusão com Lula, a quem já admirava. “Até o Lula, que eu adorava, foi uma grande decepção”, disse, observando que ele também “não sabe o que fazer” em um mundo confuso e amedrontado.
Ignácio Loyola Brandão é conhecido por sua obra distópica “Não verás país nenhum”, que antecipa um futuro em que a democracia cede lugar a um regime totalitário. Ele refletiu sobre sua visão pessimista do futuro, mas ainda desejou que o mundo continuasse a existir. “Eu não sou suicida”, concluiu, enfatizando a necessidade de esperança mesmo diante dos desafios do século XXI.