A visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Angola, foi marcada por um conjunto de circunstâncias que têm gerado um intenso debate em torno da soberania nacional, da segurança pública e da atuação do governo angolano. Embora o evento tenha sido anunciado como um momento de colaboração internacional, a forma como os acontecimentos se desenrolaram levanta questões preocupantes.
Fontes confiáveis indicam que, durante a visita, as autoridades angolanas transferiram a responsabilidade pela segurança do país para as agências de inteligência americanas, um ato que, para muitos, representa uma clara abdicação da soberania nacional. É inaceitável que a segurança dos cidadãos angolanos tenha sido temporariamente delegada a forças estrangeiras, ainda que no contexto de uma colaboração entre nações. A entrega de responsabilidades tão sensíveis às mãos de agentes externos não pode ser vista com bons olhos, especialmente quando se trata da proteção do povo e da integridade territorial de Angola.
Essa situação, que se desenrolou em um momento crucial para o país, traz à tona a fragilidade do setor de segurança nacional e a crescente influência estrangeira no país. A visita de Biden, além de ser uma ocasião de celebração da diplomacia internacional, também evidenciou as tensões internas no que diz respeito ao papel do governo angolano e sua relação com potências globais. O presidente João Lourenço, ao demonstrar uma disposição clara em apoiar a visita, mesmo com os custos elevados e a mobilização das forças de segurança, foi questionado por muitos cidadãos que não foram consultados nem envolvidos nas decisões tomadas.
É importante destacar que os cidadãos de Luanda e outras partes do país se viram restringidos em sua liberdade de circulação devido à imposição de medidas como a tolerância de ponto. Essas ações refletem uma crescente tentativa de controle sobre a sociedade civil, uma prática que, embora comum em regimes autoritários, não deve ser aceita em um país que busca se consolidar como uma nação democrática.
Para muitos angolanos, a visita de Biden simbolizou não apenas um gesto diplomático, mas também um momento de reflexão sobre o papel de Angola no cenário internacional. A ideia de que a visita de um presidente estrangeiro possa eclipsar as questões internas de um país é algo que precisa ser reavaliado. O que os angolanos precisam urgentemente não é a visita de líderes estrangeiros, mas sim um governo competente capaz de enfrentar os desafios internos, como a pobreza extrema, a miséria e a falta de oportunidades.
Além disso, a visita de Biden não teve o impacto esperado nas mídias internacionais, e os principais jornais e meios de comunicação dos Estados Unidos não deram a devida cobertura ao evento. Isso reforça a percepção de que Angola, apesar da sua importância estratégica, não ocupa o lugar que muitos acreditam merecer no cenário global. A falta de cobertura da imprensa internacional também levanta questões sobre a verdadeira natureza das relações entre os países e o que, de fato, está em jogo nas alianças e visitas diplomáticas.
No final das contas, o povo angolano continua a enfrentar os mesmos problemas diários de pobreza, falta de infraestrutura e de oportunidades. A visita de Joe Biden não trouxe soluções tangíveis para esses problemas, e a esperança de que ela pudesse resultar em melhorias para os cidadãos de Angola foi, mais uma vez, frustrada. A mudança real só ocorrerá quando os angolanos, unidos, exigirem um governo que priorize o bem-estar da sua população em vez de se submeter a interesses estrangeiros.
Enquanto isso, os líderes políticos de Angola, em especial João Lourenço e o MPLA, precisam ser responsabilizados por suas ações e pela direção que o país tem tomado nas últimas décadas. A verdadeira transformação de Angola dependerá de um esforço coletivo para buscar mudanças profundas no sistema político e econômico, sem esperar por soluções externas que, na maioria das vezes, servem apenas aos interesses de outros países, como foi o caso dessa visita de Biden.