
Um caso perturbador de tráfico de menores voltou a chocar a opinião pública angolana. Uma mulher de 29 anos foi detida no bairro Zâmbia, comuna do Cunje, província do Bié, por tentativa de venda do próprio filho de apenas dois anos, por 30 mil kwanzas. Esta não é a primeira vez que a mulher recorre a tal acto: há quatro anos, vendeu o primeiro filho em Luanda por 25 mil kwanzas.
A detenção foi feita por efectivos do Serviço de Investigação Criminal (SIC), após uma denúncia anónima que conduziu os agentes até à suspeita. Em confissão prestada às autoridades, a mulher declarou que a decisão de vender o filho foi motivada pelo abandono por parte do pai da criança e pelas difíceis condições económicas que enfrenta. “Ela disse que não consegue sustentar os filhos sozinha”, revelou o porta-voz do SIC-Bié, Simão Luca Londaca.
Segundo a mesma fonte, o caso tornou-se ainda mais alarmante quando a mulher admitiu que já tinha passado por uma situação semelhante anos antes, ao vender o primeiro filho a uma desconhecida em Luanda. Apesar da confissão, não conseguiu indicar com precisão onde ou a quem entregou a criança, dificultando o trabalho das autoridades na tentativa de o localizar.
Após as declarações, a mulher foi presente ao juiz de garantias e está agora formalmente acusada do crime de tráfico de pessoas, punível pela lei angolana com severas penas de prisão.
O SIC garante que está a envidar todos os esforços para encontrar o primeiro filho desaparecido e assegurar a protecção da criança que foi resgatada nesta nova tentativa de venda.
Este caso reacende o alarme sobre a vulnerabilidade social de muitas mães solteiras e expõe, mais uma vez, as falhas no sistema de apoio às famílias em situação de pobreza extrema. A sociedade clama por respostas mais eficazes — tanto na prevenção destes crimes como no apoio concreto às mulheres que vivem em desespero.