
Em uma entrevista ao portal Luanda Sul Line, João Shang, Investigador Associado ao CEDESA, discutiu as implicações da visita do presidente dos EUA, Joe Biden, a Angola, destacando as vantagens e desvantagens dessa relação.
Shang começou por afirmar que, apesar do interesse dos EUA em investir em Angola, a presença chinesa no país continua forte. “Atualmente, há mais de 4.000 empresas chinesas em Angola, que criaram mais de 300 mil empregos para angolanos. Somente em Luanda existem 13 mercados chineses que geram cerca de 200 empregos”, ressaltou. Ele enfatizou que muitas mulheres angolanas compram mercadorias para revender, permitindo que elas obtenham lucros significativos para sustentar suas famílias. Em comparação, ele questionou quantos empregos foram criados por empresas americanas, observando que estas muitas vezes se concentram na exploração de recursos naturais e não contribuem substancialmente para o PIB angolano.
Sobre a visita de Biden, Shang acredita que seu significado é mais simbólico do que prático. “A visita pode ter um impacto negativo nas futuras relações bilaterais entre Angola e os EUA”, afirmou. Com o mandato de Biden terminando em janeiro do próximo ano, ele vê dificuldades para os Estados Unidos obterem benefícios tangíveis para o governo e o povo angolano. Além disso, Shang apontou que a relação entre Angola e os EUA pode ser prejudicada pela rivalidade política interna nos Estados Unidos, especialmente com a possibilidade de Trump retornar ao poder.
Ele também destacou a falta de projetos significativos de investimento dos EUA em Angola. “As empresas americanas estão principalmente envolvidas na extração de petróleo e diamantes, o que não gera muitos empregos locais”, disse Shang. Para ele, mesmo se o governo angolano decidisse romper laços com a China, as empresas chinesas continuariam a operar no país independentemente da política governamental.
Na visão de Shang, mesmo com a crescente cooperação entre os EUA e Angola, a realidade é que o investimento chinês tem sido mais substancial e benéfico para o desenvolvimento do país. Ele mencionou o Corredor Lobito como um projeto importante para o desenvolvimento angolano, mas observou que há necessidade urgente de abordar questões como pobreza e fome.
Por fim, Shang alertou que se os investidores chineses abandonarem Angola no futuro, isso poderá resultar em uma rápida desilusão por parte dos EUA em relação ao país. “O governo angolano precisa reexaminar suas relações com os EUA e a China”, concluiu.
Bom! Acho que é uma observação um pouco preciptada de Shang, porque com a visita de Biden pode sim fortalecer-se os laços, ao ponto de observámos uma grande intervenção ou presença dos investidores americanos como nunca antes visto…