
A Universidade Jean Piaget de Angola encontra-se no epicentro de uma controvérsia que está a agitar a opinião pública. Acusações de que professores estrangeiros estariam a leccionar com formação académica insuficiente levaram a instituição a pronunciar-se publicamente esta semana, rejeitando categoricamente as alegações e classificando-as como difamatórias e sem qualquer fundamento.
A polémica ganhou força após uma publicação do jornal Na Mira do Crime, que aponta nomes e insinua que parte do corpo docente expatriado em Benguela — especificamente de nacionalidade portuguesa — estaria a exercer funções com certificados académicos forjados. O artigo menciona, inclusive, suposta ligação do Presidente do Conselho de Administração da universidade, Mário Rui Ferreira, a um alegado esquema fraudulento apelidado de “máfia académica”.
Face à gravidade das insinuações, a Universidade Piaget reagiu prontamente. Em nota pública, repudiou o conteúdo da reportagem, considerando que as afirmações “atentam contra a honra e o bom nome da instituição, dos seus dirigentes, professores, estudantes e funcionários”. A universidade assegura que todos os seus docentes, nacionais e estrangeiros, são contratados com base em critérios rigorosos e possuem habilitações devidamente verificadas pelos órgãos competentes.
O caso, no entanto, não termina nos corredores da comunicação social. O jornal afirma que existe um processo a decorrer nos serviços do SIC-Geral, alegadamente sustentado por investigações em colaboração com o INAARES — o Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior. Há ainda menções a possíveis interferências de instituições de peso como a Presidência da República, Procuradoria-Geral da República, Assembleia Nacional e órgãos de segurança do Estado.
Apesar do ruído gerado pelas denúncias, até ao momento não foram apresentadas provas públicas conclusivas que sustentem as alegações. A Jean Piaget afirma manter total disponibilidade para colaborar com as autoridades e, ao mesmo tempo, exige responsabilidade no tratamento da informação para evitar julgamentos precipitados e danos irreparáveis à sua imagem.
Este episódio levanta, mais uma vez, a necessidade de fortalecer os mecanismos de verificação e regulação no ensino superior, ao mesmo tempo em que desafia a comunicação social a exercer o seu papel com rigor, imparcialidade e respeito pelo princípio da presunção de inocência.