A insatisfação dos consumidores angolanos em relação aos serviços da UNITEL tem ganhado força, especialmente após o lançamento do satélite Angosat-2, em 2022, com expectativas de melhora nas telecomunicações. Entretanto, o que se observa em diversas partes do país, principalmente na província do Cubango, é um crescente descontentamento com os custos elevados e a qualidade insuficiente dos serviços prestados.
No município de Cuando Cuango, as críticas se concentram na alta das tarifas e na constante alteração dos pacotes de serviço, além da preferência crescente pelos serviços da Namibia. Este cenário tem sido um reflexo das dificuldades enfrentadas pelos usuários de telecomunicações.
Ray Raimundo, professor e cliente da UNITEL, é um dos que se sentem prejudicados pela atual situação. Para ele, o serviço da operadora tem deixado a desejar, especialmente em relação aos custos que têm aumentado com o tempo. “A UNITEL, nos últimos tempos, tem prestado um serviço que deixa a desejar. Para nós, clientes, isso é uma questão indiscutível, basta olharmos para o custo dos serviços, que tem se mostrado alto, com o aumento dos tarifários registrados atualmente”, afirmou o professor.
A insatisfação social aumentou ainda mais quando, no mês passado, a UNITEL fez alterações em seus planos de serviço, resultando em custos mais elevados para os consumidores. Pedro Timóteo, professor e jornalista, também se mostrou indignado com as mudanças, que, segundo ele, elevaram o custo dos planos para o dobro. “Havia três planos, mas o último que foi colocado agora passou a ser duas vezes mais caro. Como se compreende isso? Pelo menos merecíamos alguma explicação”, disse Timóteo.
Outro ponto destacado por Pedro Timóteo é a perda de qualidade dos serviços da UNITEL desde que a empresa foi nacionalizada em 2022. Sob a gestão da empresária Isabel dos Santos, a operadora tinha uma qualidade reconhecida, mas após a mudança para a esfera do Estado, a qualidade dos serviços teria caído drasticamente. “Depois de passar para a esfera do Estado, claramente o Estado deve ter deixado de fazer investimentos, o que resultou na péssima qualidade dos seus serviços. Tínhamos uma qualidade de internet para esquecer. Você contratava determinada velocidade em megabytes por segundo e não chegava a essa quantidade”, relatou Timóteo.
Embora o lançamento do Angosat-2 tenha sido visto como uma oportunidade de melhoria para as telecomunicações em Angola, com um custo de 320 milhões de dólares (cerca de 329 milhões de euros), o impacto esperado não foi o suficiente para mudar o cenário de insatisfação dos consumidores.
O engenheiro informático Guilherme Candiongo sugeriu algumas medidas para tentar reverter a alegada queda de qualidade dos serviços. Para ele, investimentos em infraestrutura, maior regulação e supervisão governamental, a abertura de mercado, parcerias público-privadas, capacitação técnica e um foco maior nas necessidades do cliente seriam essenciais para a recuperação da confiança dos consumidores.
Dessa forma, a opinião dos angolanos sobre a UNITEL reflete uma crescente frustração com a falta de transparência, aumento nos custos e a contínua queda na qualidade dos serviços. O que antes era uma das maiores operadoras de telecomunicações do país, agora se vê desafiada a reconquistar a confiança e a satisfação de seus usuários.