
Numa declaração controversa, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou acreditar que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, estaria disposto a ceder a Crimeia à Rússia — uma posição que colide frontalmente com a política oficial de Kiev desde 2014.
A afirmação foi feita no domingo, durante uma conferência de imprensa informal num aeroporto em Nova Jérsia, quando Trump respondeu “Penso que sim” à pergunta direta sobre se Zelensky estaria aberto a abdicar da península ocupada.
A Crimeia foi anexada pela Rússia em 2014, num movimento amplamente condenado pela comunidade internacional como uma violação do direito internacional. Desde então, o governo ucraniano tem reiterado que a região é parte inalienável do seu território.
Trump, por sua vez, voltou a culpar os ex-presidentes democratas Barack Obama e Joe Biden pela perda territorial da Ucrânia: “Não falem comigo sobre a Crimeia, falem com Biden e Obama”, disse, acrescentando que durante a administração Obama, “não houve uma bala disparada, não houve luta, nada — eles simplesmente entregaram-na”.
As declarações foram repetidas na sexta-feira, numa conferência conjunta na Sala Oval com o primeiro-ministro norueguês Jonas Gahr Støre e o ex-secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. Trump reforçou a ideia de que o território foi “entregue” durante a presidência de Obama e defendeu que “recuperá-la será uma coisa muito difícil de fazer”.
Até o momento, não houve resposta oficial do governo ucraniano sobre estas declarações, que surgem num momento sensível do conflito com a Rússia e do debate sobre o apoio ocidental à Ucrânia.