Apesar dos sinais de recuperação após a pandemia, a TAAG – Linhas Aéreas de Angola, enfrenta dificuldades financeiras significativas e permanece dependente de injeções de capital do Estado para garantir sua operação. O relatório de contas da transportadora aérea, divulgado pelo Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), revela que a companhia registou um resultado líquido negativo de 90,1 mil milhões Kz (equivalente a 108,7 milhões USD) em 2023. Este valor reflete um agravamento face a 2022, ano em que a TAAG conseguiu um raro lucro de 460 milhões Kz.
A sobrevivência da TAAG depende de apoio contínuo do Estado, necessário não apenas para sustentar a companhia, mas também para garantir a rentabilização do novo aeroporto internacional de Luanda. A empresa, que transportou 1.328.904 passageiros em 2023, um aumento de 45% em relação a 2022, continua a ver os seus custos operacionais excederem as receitas. A alta nos custos operacionais, que aumentaram 67% (mais 151 mil milhões Kz), superou o crescimento de 51% nos proveitos operacionais, resultando em um prejuízo operacional de 88,9 mil milhões Kz.
Os principais fatores que contribuíram para o aumento dos custos operacionais incluem a subida dos preços do combustível e outros custos e perdas operacionais, que registaram um aumento de 91%, alcançando 292,2 mil milhões Kz. O aumento substancial no custo do combustível foi impulsionado pela desvalorização do Kwanza em relação ao dólar. Adicionalmente, os custos com pessoal aumentaram 25%, totalizando 55,1 mil milhões Kz, devido à contratação de mais 232 colaboradores.
A TAAG também sofreu perdas financeiras de 31,4 mil milhões Kz em 2023, principalmente devido a diferenças de câmbio desfavoráveis, contrastando com os ganhos de 10,5 mil milhões Kz registados em 2022. Especialistas, como Pedro Castro, diretor da SkyExpert, apontam que, apesar de estar em uma posição privilegiada com combustível subvencionado e apoio estatal, a TAAG continua a registrar prejuízos significativos, levantando questões sobre a gestão financeira da companhia.
Para Castro, a magnitude dos prejuízos ao longo dos anos justifica uma investigação mais aprofundada para apurar possíveis irregularidades. Ele cita o exemplo das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), onde foi descoberto que os TPAs das lojas estavam a enviar o dinheiro das vendas para contas privadas. “Quem sabe o que se encontrará na TAAG”, concluiu.