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Os agentes recensiadores que atuaram no distrito da Sapú, no Kilamba Kiaxi, denunciam que ainda não receberam seus salários pelo trabalho realizado durante o processo de recenseamento. Em contacto com a equipa do LUANDA SUL LINE, os agentes afirmaram que várias cláusulas contratuais foram desrespeitadas, além de haver falta de comunicação por parte dos superiores.
“Bom dia, sim é verdade! No decorrer do processo, assinou-se várias adendas cujas cláusulas não foram respeitadas! Sem falar do desrespeito e a falta de informação por parte dos superiores”, relatou um agente recenseador ao nosso portal.
Uma agente recensiadora explicou ao LUANDA SUL LINE que, após o término do trabalho e sem terem recebido seus salários, no dia 23 de Dezembro de 2024, os recensiadores dirigiram-se ao Instituto Nacional de Estatística (INE) para reclamar seus direitos. Lá, foram obrigados a assinar várias listas, mas isso não resultou em qualquer êxito. Quando entraram em contato com o ATC Manuel Salvador, ele respondeu da seguinte forma: “Eu também não me pagaram então não tenho nada para fazer, todos nós estamos aguardar que eles nos paguem, então não tenho como ajudar.” Após essa resposta, ele desligou o telefone.
Além do não pagamento, os agentes relataram condições precárias durante o período de formação. Segundo uma das recensiadoras, começaram a passar mal logo nas etapas iniciais da preparação. Durante três dias consecutivos, participaram de formações na Escola Ana Paula, no polo da Sapú, onde a alimentação foi praticamente inexistente. “Agente não tinha alimentação e nos davam pães para o pequeno almoço, mais nunca tínhamos comidos, e tínhamos que nos virar,” disse ela. Após três dias, a comida começou a ser fornecida, mas era de má qualidade. “Nos traziam peixe podre e dava-nos disenteria (muita dor de barriga). A comida não era nada agradável e passamos mesmo muito mal.”
Os recensiadores também denunciaram tentativas de exclusão de seus nomes das listas de trabalho, sendo substituídos por militantes do MPLA. “Tentaram até excluir os nossos nomes para não trabalharmos e incluíram outras pessoas, mais nós tivemos muito atentos, fizemos uma manifestação e voltaram a colocar os nossos nomes. E assim ficou. Os ATC viam com militantes do MPLA para nos substituir. A nossa merenda caía com bastante dificuldade e éramos obrigados a entrar no campo com fome,” relatou a agente.
Ela acrescentou que, até hoje, ninguém recebeu os salários prometidos. “Eu não recebi absolutamente nada, o meu salário era 140.000 kzs, e outros só receberam 45.000 kzs.” A situação continua sem solução, e as autoridades permanecem silenciosas sobre o caso.
A equipe do LUANDA SUL LINE procurou inicialmente o Instituto Nacional de Estatística (INE) para obter mais informações sobre o caso, mas nossas tentativas não obtiveram sucesso. Sem outra alternativa, entramos em contacto com Africano Pedro, responsável pelo INE no Kilamba Kiaxi. No entanto, nossas chamadas não foram atendidas, e até o momento da publicação desta matéria, não recebemos retorno de nenhum dos interlocutores.
O LUANDA SUL LINE continuará acompanhando este caso e atualizará nossos leitores assim que novas informações forem disponibilizadas.