A Empresa Nacional de Bilhética Integrada (ENBI) anunciou a retirada gradual do pagamento da tarifa em dinheiro físico nos autocarros públicos de Angola, começando por Luanda e se expandindo para outras províncias. Essa medida é vista como um passo significativo na modernização e digitalização dos serviços de transporte, com a expectativa de que possa recuperar cerca de 30% das perdas financeiras das transportadoras.
A decisão foi bem recebida por transportadoras, especialistas e passageiros, que acreditam que a implementação do passe GiraMais trará benefícios tanto para as empresas quanto para os usuários. Até agora, mais de 350 mil pessoas já aderiram ao sistema, que está presente em mais de 1.500 autocarros operando em 52 bases.
Filipe Ngonga, diretor de operações da transportadora Cidrália, destacou que a retirada do dinheiro físico facilitará os pagamentos e ajudará a reduzir a “invasão de receitas financeiras” frequentemente observada nas empresas. Embora não haja um estudo oficial, estima-se que as transportadoras percam entre 20% a 30% de suas receitas atualmente.
O economista Alcides Gomes elogiou a iniciativa, ressaltando que a introdução do dinheiro eletrônico representa um avanço tecnológico para Angola, alinhando o país às tendências globais. A medida também tem o potencial de reduzir os problemas de segurança associados ao transporte de dinheiro em espécie.
A resposta da população foi imediata, com muitos usuários correndo para adquirir o passe GiraMais, especialmente jovens entre 13 e 40 anos, que desejam garantir o acesso aos serviços de transporte. Postos de atendimento estão sendo estabelecidos em locais estratégicos, como as avenidas Deolinda Rodrigues e Fidel de Castro, onde a demanda é alta.
Por outro lado, a nova medida não parece ser tão bem recebida pelos idosos, que demonstram dificuldade em se adaptar à tecnologia. Algumas pessoas da terceira idade, como Maria Luísa Justino, expressaram preocupações sobre como irão gerenciar a mudança, pedindo mais atenção para essa faixa etária durante a implementação da nova política.
A partir de 15 de janeiro, os passageiros precisarão usar os passes GiraMais, que custam 5.990 kwanzas para emissão. A ENBI espera que a digitalização do sistema de transporte não apenas reduza as perdas financeiras, mas também melhore a experiência geral dos usuários, ao mesmo tempo em que promove a segurança e a eficiência no transporte público em várias províncias, incluindo Luanda, Benguela, Huíla, Huambo, Malanje e Cabinda.