A Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), principal força de oposição no país, anunciou hoje que está prestes a divulgar os resultados da sua contagem paralela das eleições gerais, alegando vitória em duas províncias. Em conferência de imprensa realizada em Maputo, Geraldo Carvalho, mandatário do partido, declarou: “Nos próximos dias o partido Renamo vai-se pronunciar e vai divulgar os resultados da sua contagem paralela em torno do que são os resultados destas eleições.”
Carvalho explicou que, após a Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter divulgado os resultados oficiais, que ainda aguardam validação pelo Conselho Constitucional (CC), a Renamo permaneceu calma enquanto trabalhava na sua própria contagem. Ressaltou que o partido não concorda com os resultados divulgados pelos órgãos oficiais. “Adianto a dizer que consta que em duas províncias a Renamo leva vantagem no que diz respeito à eleição de governador de província e de assembleias provinciais”, afirmou, aguardando igualmente o pronunciamento do CC. “Esperamos que o Conselho Constitucional desta vez faça o seu papel como deve ser, lembrando-se do que são as suas obrigações”, apontou Carvalho.
Na quinta-feira, a CNE anunciou a vitória de Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), na eleição presidencial de 09 de outubro, com 70,67% dos votos. Venâncio Mondlane, candidato pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda precisam ser validados e proclamados pelo CC.
Além disso, a Frelimo aumentou sua maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em um total de 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país. Tanto Mondlane quanto Ossufo Momade, presidente da Renamo e um dos quatro candidatos presidenciais, declararam não reconhecer os resultados anunciados pela CNE, com Momade pedindo a anulação da votação. O candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), também rejeitou os resultados, alegando que foram “forjados na secretaria” e prometendo uma “ação política e jurídica” para restaurar a “vontade popular”.
Hoje, o Conselho Constitucional concedeu um prazo de oito dias à CNE para enviar as atas e editais do apuramento parcial, realizado nas mesas de votação, bem como a documentação feita pelas comissões distritais e das províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Tete, Zambézia e Nampula.