
A recusa em aceitar moedas metálicas de 10 e 20 kwanzas por parte de vendedoras ambulantes e de alguns postos de abastecimento de combustível gerou uma onda de agitação e tensão no mercado do Mbaulu, em Benguela, na última terça-feira. A situação, que rapidamente se espalhou, provocou desconforto entre consumidores e comerciantes, muitos dos quais enfrentaram dificuldades para utilizar essas moedas no comércio local.
António da Silva, um dos cidadãos afetados pela medida informal, contou que teve sua tentativa de pagamento rejeitada em um posto de gasolina. “Eu tinha 900 kwanzas em moedas, o suficiente para abastecer a minha motorizada e levar as crianças à escola, mas fui informado de que as moedas não eram aceitas. Fui forçado a usar uma nota de mil kwanzas, mas acabei guardando as moedas em casa”, explicou, lamentando o desconforto causado pela situação.
No mercado do Mbaulu, várias vendedoras também se negaram a aceitar as moedas de pequeno valor, alegando que as mesmas estariam em processo de retirada de circulação, embora nenhuma autoridade governamental tenha confirmado oficialmente tal informação. A recusa nas transações gerou um clima de desconfiança e incerteza, tanto entre os comerciantes quanto entre os consumidores.
Filipe Quarta, responsável pela administração do mercado, assegurou que o Estado não havia emitido qualquer orientação sobre a retirada dessas moedas, e que a sua rejeição por parte dos vendedores era injustificada. “Estamos a sensibilizar os vendedores para que aceitem as moedas. Se alguém for apanhado a recusá-las, vamos comunicar imediatamente à Polícia”, afirmou, acrescentando que a situação estava sendo controlada após o episódio de maior tensão.
O economista Lando Afonso também se manifestou sobre o caso, esclarecendo que o Banco Nacional de Angola (BNA) não emitiu nenhum comunicado oficial desvalorizando ou retirando as moedas metálicas de circulação. “Essas moedas foram introduzidas em 2022 com a reforma do Kwanza e continuam a ter validade legal. A recusa em aceitá-las pode configurar crime”, alertou Afonso, sublinhando que a medida pode prejudicar ainda mais a economia local.
Além disso, o especialista ressaltou que a rejeição dessas moedas pode ter impactos negativos, como o aumento injustificado de preços e a desvalorização do poder de compra dos consumidores. Ele alertou para a necessidade de uma abordagem mais responsável para evitar danos à estabilidade econômica e à confiança na moeda nacional.
A situação em Benguela chama a atenção para a importância da circulação normal das moedas e da necessidade de esclarecimentos por parte das autoridades competentes para evitar confusão e prejuízos para a população.