
A capital angolana volta a respirar alívio, mas com feridas por sarar, após a detenção de cinco indivíduos acusados de crimes violentos que chocaram a opinião pública, incluindo o assassinato brutal de um ex-dirigente do Estado e de um agente da Polícia Nacional.
As autoridades do Serviço de Investigação Criminal (SIC), em Luanda, anunciaram a detenção de um grupo de cinco homens, todos cidadãos nacionais, com idades entre os 30 e os 35 anos, implicados numa série de crimes que incluem homicídio, assaltos violentos e agressões graves. Segundo as investigações, os detidos pertencem a uma rede que terá sido responsável por dois crimes de sangue de alto impacto social, ocorridos nos últimos meses.
Um dos casos remonta à madrugada de 22 de Abril, quando Carlos Manuel David, de 66 anos, ex-director do extinto Instituto Nacional da Aviação Civil (INAVIC), foi assassinado em sua casa, no bairro Kimbango, durante um assalto que deixou ainda três membros da sua família feridos. Reformado e com um passado ligado à função pública, Carlos David foi surpreendido pela violência que o tirou abruptamente do convívio familiar e da vida.
O outro episódio remonta ao mesmo mês e vitimou um agente da Polícia Nacional, igualmente em circunstâncias trágicas. De acordo com o porta-voz do SIC em Luanda, Fernando de Carvalho, os dois homicídios estão interligados por um padrão de actuação meticulosamente violento por parte do grupo, agora desmantelado graças a uma operação coordenada entre os departamentos de Crimes Contra Pessoas e de Investigação Criminal do município do Kilamba Kiaxi.
Além dos homicídios, os suspeitos enfrentarão acusações de associação criminosa, roubo qualificado de quantias em dinheiro e agressões com intenção de matar. As autoridades revelaram que o grupo actuava com algum grau de organização e procurava alvos com perfil de vulnerabilidade ou relevância social.
A detenção foi recebida com um misto de alívio e inquietação. Alívio por ver os presumíveis autores fora de circulação, inquietação por confirmar que figuras públicas e agentes da autoridade continuam vulneráveis à criminalidade urbana.
Enquanto decorrem os trâmites legais, familiares das vítimas, vizinhos e cidadãos em geral esperam que o caso siga para julgamento com celeridade e justiça. Resta saber se a responsabilização destes indivíduos será também o início de um debate mais profundo sobre a prevenção da violência urbana e a protecção dos cidadãos, independentemente da sua posição na sociedade.