João Lourenço, atual presidente de Angola e do MPLA, tem se empenhado na reabilitação da imagem de Jonas Savimbi, fundador da UNITA, desde que assumiu o poder. Através de gestos como a trasladação dos restos mortais de Arlindo Ben Ben, antigo general da UNITA, e a organização do funeral de Savimbi, Lourenço parece estar respondendo a um pedido do líder da oposição, Isaías Samakuva. Essas ações, que incluem a concessão de apoio à Fundação Jonas Savimbi, destacam uma estratégia de aproximação a figuras historicamente adversárias do MPLA.
No entanto, essa reabilitação de Savimbi ocorre em meio a um contexto de tensão interna no MPLA. Enquanto Lourenço fortalece relações com os herdeiros de Savimbi, membros históricos do partido, como Fernando Dias dos Santos “Nandó”, enfrentam dificuldades para serem recebidos por ele. Esta disparidade no tratamento reflete uma “guerra civil” dentro do MPLA, onde a luta pelo poder é também uma disputa ideológica entre o legado de Savimbi e o de José Eduardo dos Santos (JES), que liderou o país por quase quatro décadas.
A nova política externa de Angola, mais alinhada aos interesses ocidentais, também se distancia das tradições do MPLA, que costumava ter laços mais fortes com a Rússia. Essa mudança, combinada com a marginalização da figura de JES, contribui para um cenário em que Lourenço, em sua busca por estabilidade, se vê cercado por desafios tanto externos quanto internos, em um partido que luta para se redefinir em meio a crises sociais e econômicas.