
Os profissionais de saúde de Luanda, representados pelo Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos (SNMA), anunciaram sua intenção de realizar manifestações em todo o país após serem barrados de entrar no Ministério da Administração da Administração Nacional (MAAN) para uma reunião sobre a demissão de colegas por alegada negligência médica. O presidente do SNMA, Adriano Manuel, expressou indignação, afirmando que todos os trâmites foram seguidos para a realização do encontro, mas mesmo assim foram impedidos de acessar a sala.
A conferência de imprensa ocorreu nas proximidades do MAAN, reunindo mais de 70 profissionais, entre médicos e enfermeiros, que se reuniram para repudiar o afastamento de seis profissionais do Hospital Pediátrico de Luanda David Bernardino. Entre os afastados estão três médicas, dois enfermeiros e uma médica expulsa, todos demitidos pelo Ministério da Saúde após a morte de um menor em janeiro, que aguardou quase duas horas por atendimento.
Adriano Manuel destacou que os profissionais afastados não tiveram contato com o paciente, pois estavam atendendo outros casos graves na enfermaria. Ele considerou a decisão de demissão “diabólica” e afirmou que a unidade hospitalar já enfrenta escassez de funcionários para lidar com a demanda.
O SNMA planeja uma série de manifestações e uma greve geral nos próximos dias, exigindo a reintegração dos profissionais afastados. Manuel enfatizou que a situação atual no Hospital Pediátrico de Luanda é insustentável, com a equipe médica sobrecarregada e insuficiente para atender adequadamente os pacientes.
Ele também anunciou a intenção de processar o Inspector-geral da Saúde, acusando-o de agir de má-fé para proteger seu cargo. A indignação dos profissionais é alimentada pelos resultados de um inquérito do Ministério da Saúde, que identificou “atos de negligência graves” e uma “negação frontal” dos valores éticos por parte da equipe médica, contribuindo para a morte do menor.
Os profissionais de saúde estão determinados a lutar por seus colegas e por melhores condições de trabalho, sinalizando uma crescente insatisfação dentro do setor.