Em comunicado, o gabinete de imprensa da Presidência angolana anunciou que o Presidente João Lourenço exonerou o brigadeiro Daniel Raimundo Savihemba do cargo de Chefe-Adjunto da Direção Principal de Operações do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas, nomeando-o para 2.º Comandante do Mecanismo de Verificação Ad-Hoc para a Pacificação da Região Leste da República Democrática do Congo, após consulta ao Conselho de Segurança Nacional.
As mudanças anunciadas seguem-se às divulgadas na quinta-feira, quando o Presidente angolano exonerou o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, nomeando para o seu lugar o então governador de Luanda, Manuel Homem. Para substituir Manuel Homem, foi indicado o governador de Benguela, Luís Nunes, enquanto o ex-ministro da Coordenação Económica e atual deputado Manuel Nunes Júnior irá ocupar este lugar.
Com a saída de Eugénio Laborinho, também foram exonerados o seu secretário de Estado para o Interior, José Paulino Cunha da Silva, e o Secretário de Estado para o Asseguramento Técnico, Carlos Armando Albino.
A gestão de Eugénio Laborinho à frente do Ministério do Interior foi marcada por várias controvérsias, como a infame declaração “a polícia não está para distribuir chocolates e rebuçados”, referindo-se a intervenções policiais contra manifestantes em 2020, e pelas acusações do denunciante angolano “Man Gena”, que foi extraditado de Moçambique após alegadamente ter recebido ameaças de morte por denunciar ligações de altos oficiais da polícia ao tráfico de droga. Apesar das polémicas, Laborinho foi um dos ministros mais duradouros no executivo de João Lourenço, tendo sido nomeado em 2019 e mantido no cargo após as eleições gerais de 2022.
Na semana passada, João Lourenço exonerou os diretores nacionais do Serviço de Migração e Estrangeiros e do Serviço de Investigação Criminal, poucos dias após, em seu discurso sobre o Estado da Nação, a 15 de outubro, ter acusado políticos e parlamentares de estarem envolvidos em crimes de contrabando e vandalização de bens públicos. Na ocasião, o Presidente declarou que “o aumento do contrabando de combustíveis, o dano ambiental resultante da exploração ilegal de minerais estratégicos e de madeira”, e o reinvestimento público necessário devido à vandalização de bens públicos, exige uma “cruzada nacional contra estes tipos de crime”. Ele ressaltou que “lamentavelmente, alguns desses infratores são políticos e parlamentares”.
O contrabando de combustíveis tem sido um tema recorrente desde que o Governador do Zaire solicitou a intervenção de João Lourenço para combater este problema durante a visita do Presidente àquela província em agosto. Nas redes sociais, continuam a surgir notícias sobre apreensão de combustível e especulações sobre crimes relacionados ao contrabando.
Ontem, o porta-voz da Polícia Nacional de Angola, subcomissário Mateus Rodrigues, informou no Zaire que as autoridades angolanas detiveram 34 pessoas e apreenderam quase 443 mil litros de combustível entre 08 e 28 de outubro, representando um prejuízo de 111 milhões de kwanzas (111 mil euros) para os cofres do Estado.