A proposta de alteração dos estatutos do MPLA, que deve ser aprovada na reunião do Comitê Central no dia 25 de novembro, retira a obrigatoriedade de que o candidato à Presidência da República seja necessariamente o presidente do partido.
Ao contrário dos estatutos em vigor, que no seu artigo 120° determinam que “o Presidente do Partido encabeça a lista de candidatos, pelo círculo nacional, sendo candidato a Presidente da República”, a nova redação do mesmo artigo propõe que “os candidatos a Presidente e Vice-Presidente da República são designados pelo Comitê Central, sob proposta do Bureau Político, nos termos dos Estatutos”.
O novo texto do artigo 120° também elimina, em termos formais, a discricionariedade do presidente do partido de indicar o membro candidato a Vice-Presidente da República. No número 2 do artigo 120° dos estatutos em vigor está fixado que “o segundo candidato da lista, pelo círculo nacional, designado pelo Presidente do Partido e aprovado pelo Comitê Central, é candidato a Vice-Presidente da República”.
A nova proposta do artigo 120° abre, no entanto, as portas a João Lourenço para uma eventual candidatura à liderança do partido, mesmo impossibilitado de concorrer à chefia do Estado, colocando assim em cima da mesa o cenário de uma eventual bicefalia, em caso de vitória do MPLA nas eleições gerais.
Esta hipótese tem sido fortemente contestada por vários críticos, apoiados no fato de ter sido justamente o atual presidente do MPLA que promoveu a alteração dos estatutos no congresso ordinário de 2021, em que se excluiu o cenário de potenciais bicefalias, transformando o presidente do partido automaticamente em candidato a Presidente da República.
Esta mudança nos estatutos representa uma significativa alteração na estrutura de poder do MPLA, e poderá ter amplas implicações para o futuro político do partido e do país. A decisão final, aguardada com grande expectativa, poderá redefinir a dinâmica de liderança dentro do MPLA e influenciar a estratégia eleitoral nas próximas eleições gerais.