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O presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, se comprometeu a formar um “Governo de unidade” em resposta ao aumento da violência no leste do país. A declaração, feita em um momento crítico após a captura de cidades por rebeldes do M23, reflete a urgência da situação e a pressão crescente sobre sua administração.
Durante uma reunião da coligação governamental da União Sagrada da Nação, Tshisekedi instou seus colaboradores a não se deixarem distrair por disputas internas. Ele reconheceu a gravidade da crise ao afirmar: “Perdi a batalha e não a guerra. Preciso entrar em contacto com todos, inclusive com a oposição”, sem, no entanto, fornecer detalhes sobre a implementação do novo governo ou um cronograma para sua formação.
O M23, um dos mais de 100 grupos armados ativos na região, tem avançado no leste da RDC, resultando em um saldo trágico de cerca de 3.000 vidas perdidas. O conflito tem raízes complexas, envolvendo o apoio de aproximadamente 4.000 soldados do Ruanda, conforme apontado por especialistas da ONU. Os rebeldes têm ameaçado até mesmo marchar em direção à capital, Kinshasa, a mais de 1.600 quilômetros de distância.
As tensões entre a RDC e Ruanda são palpáveis, com o governo congolês acusando Kigali de apoiar o M23, uma alegação que o governo ruandês refuta. Kigali, por sua vez, questiona o envolvimento da RDC com combatentes hutus, implicados no genocídio de 1994.
No mesmo evento, Tshisekedi também homenageou os soldados que perderam a vida no conflito e reiterou seu compromisso em fortalecer as forças armadas do país. O governo congolês classificou oficialmente o M23 como uma organização terrorista, enquanto as Nações Unidas e os Estados Unidos o reconhecem como um grupo rebelde armado.
A formação de um governo de unidade pode ser um passo crucial para a estabilidade na RDC, mas as incertezas permanecem em um cenário marcado pela violência contínua e pelo desafio de unir diferentes facções políticas em um momento tão delicado.