
Os preços de diversos produtos alimentares essenciais para as famílias angolanas aumentaram significativamente em março deste ano. Nos supermercados, o crescimento foi de 27% em comparação ao ano passado, enquanto nos mercados informais, a alta foi de 5%, conforme levantamento realizado pelo jornal Expansão nas principais praças e hipermercados da capital.
O estudo analisou 18 produtos nos mercados informais, como Catinton e Asa Branca, e 11 produtos em supermercados como Kero, Candando e Maxi. A diferença nas taxas de aumento entre os mercados formal e informal pode ser atribuída ao tipo de produtos disponíveis em cada um, refletindo um ajuste nos preços dos principais itens nos mercados informais, como açúcar, ovos, sal e feijão.
No mercado formal, o aumento médio do cabaz de produtos foi de 9.641 Kz, com destaque para o leite Nido, arroz e óleo, que registraram as maiores elevações. Apenas três produtos apresentaram quedas de preço: fuba de milho, açúcar e frango congelado.
Enquanto isso, o mercado informal tem mostrado uma tendência de preços mais estáveis, embora ainda haja dificuldades para as famílias adquirirem certos alimentos, como o peixe. Muitas famílias de baixa renda preferem comprar peixe diretamente de pescadores nas praias, como na Praia da Mabunda, que, apesar de serem opções mais econômicas, apresentam riscos à saúde devido à falta de condições adequadas de conservação.
O fechamento do mercado de peixe da Mabunda, uma das maiores instalações do tipo na província, para limpeza em decorrência do combate à cólera, resultou na duplicação dos preços do peixe em outros locais de venda. A reabertura do mercado ainda é incerta. Adicionalmente, as quotas de pesca para este ano foram reduzidas em 30% em relação a 2024, o que pode potencializar a inflação.
Além disso, espera-se que os preços de alimentos de origem animal, como aves, suínos e bovinos, aumentem ainda mais até o final do ano, especialmente após o anúncio do Instituto de Serviços Veterinários sobre a suspensão das licenças de importação desses produtos até agosto de 2025. Essa medida levanta preocupações sobre a capacidade de produção nacional, que ainda não atende plenamente à demanda.
Por fim, a recente elevação do preço do gasóleo tem o potencial de impactar ainda mais os preços dos alimentos. No entanto, até o último levantamento realizado pelo Expansão, as medidas governamentais, exceto o encerramento do mercado da Mabunda, não haviam influenciado de forma significativa os preços dos bens alimentares.