Os preços das habitações em Luanda recuaram 30% em dólares nos últimos 10 anos, segundo a consultora imobiliária Prime Yield Angola. Essa queda é atribuída à fraca procura, à escassez de financiamentos e às limitações financeiras enfrentadas por famílias e empresas. Em contrapartida, em kwanzas, os preços quadruplicaram nesse mesmo período.
Embora a lei exija que os preços sejam fixados em kwanzas, o mercado continua a indexar os imóveis em moeda estrangeira. Por exemplo, o preço de um apartamento de três assoalhadas (T3) nas áreas centrais de Luanda caiu 29,5%, agora custando 700 mil USD, com o preço por metro quadrado passando de 5,6 mil USD para 4,1 mil USD. Para uma moradia de três quartos (V3) em Luanda Sul e Talatona, o preço caiu 28,4%, agora em cerca de 630 mil USD.
Quando analisados em kwanzas, os preços dispararam. Um T3 no centro de Luanda foi de 164,6 milhões Kz para 638,4 milhões Kz, um aumento de 288%. Para a moradia V3, o preço subiu de quase 146,0 milhões Kz para 574,6 milhões Kz, representando um crescimento de 294%. Essa disparidade é resultado da desvalorização da moeda nacional, que perdeu 85% do seu valor em relação ao dólar nos últimos dez anos.
Apesar da queda nos preços, o mercado imobiliário de Luanda ainda mostra uma certa demanda, especialmente no centro da cidade, onde investidores angolanos continuam a procurar habitação. Isso contrasta com a saída de expatriados, que impactou negativamente os preços.
Além das habitações, os preços dos escritórios também caíram, com uma redução de 32,2%. O preço médio por metro quadrado em 2024 era de 4,3 mil USD, em comparação com 6,4 mil USD em 2015/2016. Para um escritório de 80 metros quadrados na baixa de Luanda, o preço caiu de 512 mil USD para 347 mil USD, uma redução de 32,2%.
Os dados da Prime Yield Angola indicam que o mercado imobiliário continua pouco dinâmico, afetado por uma década de crise económica e financeira. A consultora ressalta que a disparidade entre a procura e a oferta continua a pressionar os preços em dólares, e que as dificuldades de financiamento permanecem, já que o risco é elevado.
Os especialistas afirmam que, nos últimos anos, houve esforços do Governo para alinhar as políticas fiscais e de gestão pública com as recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI). Isso tem gerado alguma estabilidade e aumentado a confiança na economia, o que pode criar oportunidades de investimento no setor imobiliário.