
O vice-coordenador para a esfera de Administração, Finanças e Património em exercício do PRA-JA Servir Angola, Isaías Daniel Sambangala, confirmou nesta terça-feira, 22, em conferência de imprensa, que a UNITA não está a cumprir com o acordo financeiro estabelecido no âmbito da Frente Patriótica Unida (FPU), situação que poderá comprometer a coesão e sustentabilidade da coligação.
Segundo Sambangala, o acordo firmado entre os dois partidos previa uma contribuição financeira de 20% do orçamento global da FPU para o PRA-JA. No entanto, a UNITA — liderada por Adalberto Costa Júnior — tem transferido apenas 6%, o que corresponde a cerca de 50 milhões de kwanzas trimestralmente.
“O compromisso foi de 20%, mas estamos a receber apenas 6%. Esta discrepância compromete o funcionamento e a dinâmica do nosso partido”, afirmou o dirigente do PRA-JA.
DESMENTIDO DE MONTANTE INFLACIONADO, MAS CONFIRMAÇÃO DO ACORDO
Em resposta a uma recente publicação da Rádio Correio da Kianda, que apontava para uma alegada dívida de quase 120 milhões de kwanzas, o responsável do PRA-JA esclareceu que esse valor não corresponde à realidade, mas confirmou a existência de um acordo formal que não está a ser cumprido.
“O valor de 120 milhões não corresponde ao que foi acordado, mas reiteramos que o compromisso firmado é de 20% do orçamento. Estamos apenas a receber uma fração disso”, sublinhou Sambangala.
ORIGEM DOS FUNDOS PARA FUNCIONAMENTO DO PARTIDO
O político revelou ainda a origem dos recursos financeiros que têm sustentado o funcionamento interno do PRA-JA, nomeadamente a venda do Centro Comercial Sambangala, propriedade pessoal de Abel Chivukuvuku, coordenador-geral do partido. O centro comercial, localizado no bairro Camama 1, foi alienado com o objetivo de garantir meios para a implementação das atividades partidárias, após a legalização do partido em 2024.
“O nosso coordenador-geral teve de vender um dos seus bens para garantir a sustentabilidade do partido, visto que os apoios acordados não estão a ser integralmente cumpridos”, explicou.
Sambangala reforçou ainda que, para manter viva a agenda política da formação, o partido está disposto a aceitar valores de forma parcelada ou mesmo recorrer a empréstimos privados, desde que a integridade da agenda e o funcionamento institucional não sejam comprometidos.
A situação agora colocada em público por membros do PRA-JA pode agravar as tensões internas na FPU e levanta dúvidas sobre o nível de compromisso e coordenação entre os seus membros. Observadores políticos veem neste episódio um teste à maturidade política da oposição angolana, especialmente num contexto de crescente mobilização contra o governo.