
De acordo com fontes internas, a possibilidade de uma unidade político-eleitoral entre os líderes do Bloco Democrático (BD) e Abel Chivukuvuku não é uma novidade. Em 2012, antes da criação pública da CASA-CE, houve negociações para um congresso constitutivo em que Abel Chivukuvuku e Justino Pinto de Andrade (líder do BD na época) competiriam pela liderança da organização. Essa estratégia pode ser reativada para superar uma possível resistência da UNITA em transformar a Frente Patriótica Unida (FPU) em uma coligação eleitoral formal.
Desafios Internos na UNITA
Adalberto Costa Júnior, mentor do projeto FPU, enfrentou grande resistência dentro da UNITA para aprovar a criação da plataforma. Programas e propostas na UNITA são democraticamente aprovados pelos órgãos do partido, o que gerou oposição significativa. Isaías Samakuva, ex-presidente da UNITA, manifestou publicamente sua oposição à FPU, destacando a resistência interna ao projeto.
Apesar da oposição, a FPU demonstrou ser viável, alcançando o maior resultado eleitoral da UNITA até hoje, com 90 deputados eleitos. A condição imposta pelos altos quadros da UNITA foi que a FPU não comprometesse a identidade do partido, evitando a transformação em uma coligação eleitoral formal que exigiria a abdicação dos símbolos e do nome da UNITA.
Situação do BD e PRA-JA
Enquanto o PRA-JA de Abel Chivukuvuku lutava pela legalização junto ao Tribunal Constitucional, o BD enfrenta desafios legais. Em 2022, o BD não concorreu diretamente nas eleições, arriscando a extinção segundo a Lei dos Partidos Políticos, que determina a extinção de partidos que fiquem duas eleições sem concorrer.
Para evitar a extinção, o BD precisa ou concorrer sozinho, o que não é viável numericamente, ou formar uma coligação eleitoral. A ala conservadora da UNITA, no entanto, rejeita a transformação da FPU em coligação, o que complica a situação do BD.
Perspectivas Futuras
Se a UNITA não aceitar a transformação da FPU em coligação, o BD pode buscar uma aliança eleitoral com o PRA-JA para garantir sua sobrevivência. Em 2012, houve uma tentativa de união entre Abel Chivukuvuku e Justino Pinto de Andrade, mostrando que a ideia de uma coligação não é nova.
A solidariedade política é crucial nesse cenário. Observadores apontam que a união entre BD e PRA-JA pode ser uma estratégia viável se a ala conservadora da UNITA mantiver sua posição.
A continuidade da FPU e a preparação para as eleições de 2027 exigem negociações estratégicas e a superação de desafios internos. A união de forças da oposição é fundamental para enfrentar a robustez do MPLA e garantir uma representação forte no Parlamento angolano.