Os habitantes do município de Cangandala, na província de Malanje, manifestaram indignação contra as atividades do projeto diamantífero Mucuanza, denunciando o desvio do curso do rio Kwanza, o que coloca em risco o abastecimento da barragem hidroelétrica de Capanda.
Segundo informações obtidas, nas últimas semanas, cidadãos estrangeiros, principalmente chineses, têm sido vistos na área operando com maquinaria pesada para a exploração de diamantes. Moradores relatam escavações dentro do rio Kwanza, com remoção de rochas do fundo, o que levanta sérias preocupações sobre o impacto ambiental e a segurança hídrica da região.
A população acusa os responsáveis pelo projeto Mucuanza, controlado pela Empresa Nacional de Prospecção, Exploração, Lapidação e Comercialização de Diamantes de Angola (ENDIAMA), de comprometerem o ecossistema e as atividades econômicas locais, como a pesca.
Os moradores levantam dúvidas sobre a legalidade do projeto e questionam o papel do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, liderado por Diamantino Pedro Azevedo, exigindo esclarecimentos sobre a autorização para a exploração em uma área tão sensível.
Outro ponto crítico envolve o Corpo Especial de Segurança para os Minerais Estratégicos (CESME), que, segundo denúncias, mantém um agente permanente na mina, mas não terá reportado as irregularidades.
Os sobas e pescadores locais afirmam que perderam o acesso às suas atividades tradicionais, fundamentais para a subsistência, e destacam que a utilização de dragas e retroescavadoras de grande porte está a degradar o leito do rio Kwanza, ameaçando diretamente o funcionamento da barragem de Capanda, uma infraestrutura essencial para a geração de energia no país.
Classificando a situação como um “assalto ao território”, moradores e líderes comunitários apelam à intervenção urgente das autoridades centrais. Exigem uma investigação rigorosa, medidas concretas para cessar as atividades do projeto Mucuanza, responsabilização dos envolvidos e a proteção ambiental e social das comunidades afetadas.
