
A pobreza extrema e o desemprego nas áreas urbanas e rurais de Malanje têm levado muitos jovens a se envolverem na produção de carvão, uma prática que, além de ser uma fonte de renda, traz sérias consequências para o meio ambiente.
Apesar das campanhas de sensibilização promovidas pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) e por diversas associações ambientais, a exploração desenfreada das florestas continua, muitas vezes longe da supervisão adequadamente necessária. Essa atividade é realizada em grupos, onde cada carvoeiro pode derrubar entre 10 a 20 árvores em uma única sessão.
Manuel Adriano, um jovem de 24 anos, compartilha sua experiência: “Deixei minha família em Luanda há oito meses para me dedicar ao fabrico de carvão em Cangandala, pois essa atividade é mais rentável”. Ele explica o processo: as árvores são cortadas, organizadas e cobertas com capim e areia em fornos que, uma vez acesos, transformam a madeira em carvão.
Os carvoeiros costumam escolher árvores com cerca de 10 metros de altura para garantir uma produção eficiente. O tempo necessário para a queima varia entre três semanas e um mês, após o qual o carvão é embalado em sacos de 100 a 150 quilos.
Com a crescente dependência dessa atividade, as consequências para o ambiente e para a biodiversidade local se tornam cada vez mais alarmantes, evidenciando a necessidade de alternativas sustentáveis que possam oferecer aos jovens opções de emprego e renda sem comprometer os recursos naturais da região.