
A retirada dos subsídios aos transportes públicos urbanos e a subida do preço dos combustíveis têm vindo a provocar uma redução drástica na oferta de autocarros em Luanda. Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros (Transcol), a frota em circulação caiu para uma média diária de apenas 275 autocarros, ou seja, cerca de 31% dos 879 autocarros distribuídos às operadoras.
Hilário Carneiro, presidente da Transcol, revelou que, antes da retirada dos subsídios em Maio de 2024, circulavam em média 500 autocarros por dia, número que agora caiu para entre 200 e 300 veículos. A subida do preço dos combustíveis e a eliminação dos subsídios, que eram até então pagos às operadoras, contribuíram para o agravamento da situação, tornando o preço do bilhete – atualmente 150 Kz – pouco competitivo face aos táxis ocasionais.
Para tentar travar esta crise, a Transcol solicitou à Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) um apoio emergencial de 8 mil milhões de kwanzas, correspondente às perdas sofridas pelas operadoras, especialmente em 2024.
Especialistas alertam, porém, que um eventual aumento da tarifa pode agravar ainda mais a situação, face à concorrência dos candongueiros, que praticam preços semelhantes mas com serviço informal e, muitas vezes, de melhor qualidade.
Além disso, o modelo de aquisição e gestão da frota, em que o Governo compra e distribui os autocarros às operadoras que pagam prestações mensais, limita a capacidade de negociação das empresas, que enfrentam dificuldades no cumprimento dos pagamentos, embora, segundo a Transcol, os pagamentos estejam a ser efetuados.
Nos últimos seis anos, o Governo distribuiu cerca de 2 mil autocarros pelo país, mas a sustentabilidade do sistema urbano de transportes públicos continua a ser um desafio, com um histórico de incumprimentos e pedidos de perdão de dívida, agravado pela forte desvalorização cambial em 2024.