O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, pediu uma investigação “independente, completa e transparente” sobre as explosões de dispositivos eletrônicos que ocorreram recentemente no Líbano e na Síria. Durante uma reunião do Conselho de Segurança, Turk enfatizou a necessidade de responsabilização de todos os envolvidos, tanto aqueles que “ordenaram” quanto os que “executaram” os ataques.
“O direito internacional humanitário proíbe o uso de dispositivos explosivos disfarçados como objetos inofensivos, projetados para causar terror entre os civis,” afirmou Turk, referindo-se a explosões que resultaram na morte de pelo menos 37 pessoas, incluindo duas crianças, e ferimentos em mais de 3.400 no Líbano. A ONU destacou que o impacto deixou muitos feridos com deficiências permanentes e pressionou os serviços de saúde.
Os incidentes, que coincidem com o conflito em curso desde o início da guerra em Gaza, foram atribuídos pelo movimento xiita Hezbollah a Israel. O governo israelita, por sua vez, se limitou a observar a situação no Líbano, sem assumir responsabilidade pelos ataques.
“Esses ataques representam uma nova fase no conflito, onde ferramentas de comunicação são transformadas em armas, causando terror em mercados e nas ruas,” destacou Turk. Ele mencionou que dispositivos não detonados foram encontrados em locais como universidades e hospitais, aumentando o clima de medo e pânico entre a população.
O alto comissário reiterou que “a guerra tem regras” que visam proteger civis, e o uso indiscriminado de dispositivos explosivos em áreas habitadas representa uma violação grave do direito internacional. “Se não houver uma avaliação clara do impacto sobre civis, o ataque não deve ser realizado,” sublinhou.
Na mesma sessão, o ministro dos Negócios Estrangeiros libanês, Abdallah Bou Habib, acusou Israel de terrorismo, descrevendo a detonação remota de dispositivos de comunicação como um ato de “brutalidade sem precedentes”. Em contraponto, o embaixador israelita na ONU defendeu que Israel tomará as medidas necessárias para proteger seus cidadãos e criticou o governo libanês por permitir que o Hezbollah operasse no país, caracterizando a organização como “fantoches dos iranianos”.
Este clamor por responsabilização e a necessidade de uma resposta coordenada refletem a crescente tensão e instabilidade na região, onde a vida cotidiana se tornou alvo de uma nova forma de violência.