A cultura de distanciamento e ostracização no seio do MPLA continua a ser uma prática recorrente para aqueles que ousam desafiar as normas impostas pela “democracia orientada e disciplinada” do partido. Esse cenário já foi presenciado anteriormente com figuras de destaque como os antigos Secretários-Gerais do partido: Lopo do Nascimento, Marcolino Moco, João Lourenço, e mais recentemente Boavida Neto, que foram isolados e afastados quando decidiram dar passos considerados audaciosos demais.
O sistema do MPLA, que age como uma máquina trituradora para aqueles que não se alinham, faz lembrar os tempos em que os leprosos eram mantidos a uma distância segura para não contaminarem os ideologicamente “puros” do pensamento do líder. A questão que se levanta é: a imagem de isolamento de Nando, durante a última reunião do Bureau Político, é apenas uma coincidência ou reflete a dura realidade de uma nova vítima de um sistema implacável dentro do MPLA?
O distanciamento dentro da estrutura partidária parece ser um sinal claro para aqueles que desejam romper com a linha rígida e centralizadora do partido, alertando que qualquer tentativa de desviar-se pode resultar em isolamento e perda de espaço político. O caso de Nando traz à tona a discussão sobre a sobrevivência política dentro de um partido onde qualquer passo em falso pode levar ao exílio político, independentemente da posição que se ocupa.
A fotografia pode ser apenas uma imagem, mas carrega consigo um simbolismo poderoso: a possível queda em desgraça de mais um membro que ousou desafiar as normas estabelecidas e agora enfrenta o custo de não seguir a “disciplina” partidária.
Por: Jornalista Ilídio Manuel