
O Multicaixa Express consolidou-se como o principal canal de transações bancárias em Angola, liderando pelo nono mês consecutivo com 58% das operações realizadas na rede Multicaixa entre Janeiro e Março de 2025. Segundo dados da Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), o canal mobile acumulou cerca de 401 milhões de operações e movimentou cerca de 3,7 biliões de kwanzas apenas no primeiro trimestre deste ano.
A aplicação, que já conta com mais de 1,9 milhões de utilizadores válidos, ultrapassou os tradicionais caixas automáticos (ATMs) desde Junho de 2024, tornando-se o canal preferido dos angolanos para consultas, pagamentos e transferências. A maior parte das operações feitas no Express (69%) refere-se a consultas, seguidas por pagamentos (15%) e transferências (12%). No entanto, quando se trata de volume financeiro, as transferências dominam com 93% do total transacionado.
Comparando com o mesmo período do ano passado, o volume de dinheiro movimentado cresceu 51%, enquanto o número de operações praticamente duplicou, com um aumento de 91%. Este desempenho é reflexo da preferência crescente dos agentes bancários e dos clientes por soluções digitais, que oferecem mais agilidade, comodidade e evitam as longas filas nos ATMs.
O economista Heitor Carvalho destaca que o Multicaixa Express já conquistou o mercado. “Funciona bem e melhor do que os outros canais. A não ser que surja uma nova solução com mais vantagens, o Express manter-se-á firme e continuará a expandir-se”, afirmou.
O Multicaixa Express é uma aplicação mobile que permite associar vários cartões bancários, realizar transferências, pagamentos, consultas e até levantamentos sem cartão, diretamente pelo telemóvel, revolucionando a forma como os angolanos lidam com o seu dinheiro.
TPA AMEAÇA POSIÇÃO DOS ATMs NO VOLUME DE TRANSAÇÕES
Com o crescimento exponencial dos canais digitais, os caixas automáticos caíram para o segundo lugar na preferência dos clientes. Agora, além do Multicaixa Express, os Terminais de Pagamento Automático (TPAs) também começam a rivalizar com os ATMs, não apenas em número de operações, mas também no volume de dinheiro transacionado.
Esse fenómeno deve-se, entre outros fatores, à facilidade de acesso proporcionada pelos TPAs, inclusive em estabelecimentos informais, e à possibilidade de levantamentos de numerário nesses terminais. Apesar da resistência de alguns comerciantes que cobram comissões abusivas, acima dos 2,5% legais, os TPAs são cada vez mais procurados, especialmente em períodos de escassez de numerário nos caixas automáticos.
Para Heitor Carvalho, esta transição era previsível. “A insuficiência de serviços bancários, especialmente a falta de dinheiro nos ATMs, leva os utilizadores a procurarem alternativas que garantam maior disponibilidade, como os TPAs”, explicou.
O cenário reforça a tendência de digitalização dos serviços financeiros em Angola e o surgimento de novos hábitos de consumo bancário, marcando uma nova era nas transações económicas do país.