
Um caso que abalou profundamente a África do Sul chegou esta sexta-feira, 2 de Maio, a uma conclusão chocante: Racquel Chantel Smith, conhecida como Kelly Smith, foi considerada culpada de sequestrar e vender a sua própria filha, Joshlin, de apenas seis anos, a um suposto curandeiro tradicional — um crime que, segundo o Ministério Público, teve motivações rituais.
A menina desapareceu em Fevereiro de 2024 e continua desaparecida até hoje. A acusação revelou que Smith, em conluio com o namorado Jacquin Appollis e o amigo deste, Steveno van Rhyn, vendeu a criança por cerca de mil dólares a um “feiticeiro”, numa alegada prática de magia com recurso a partes do corpo humano.
Inicialmente vista como uma mãe desesperada em busca da filha, Smith comoveu a comunidade local da Baía de Saldanha, a norte da Cidade do Cabo. Durante semanas, vizinhos ajudaram a procurar Joshlin entre dunas de areia e bairros de barracas, enquanto a foto da menina de sorriso doce e tranças corria os noticiários do país. Mas tudo mudou com a prisão do namorado de Smith e os subsequentes depoimentos que revelaram um enredo macabro.
Durante o julgamento, uma testemunha-chave afirmou que Smith confessou ter entregue a filha ao curandeiro em troca de dinheiro. O juiz Nathan Erasmus declarou os três acusados culpados por sequestro e tráfico de seres humanos, deixando aberta a possibilidade de penas de prisão perpétua. As audiências para a leitura da sentença começam na próxima semana.
O julgamento foi realizado num centro desportivo para permitir a presença da comunidade local, e os veredictos foram recebidos com aplausos e lágrimas de revolta. A indignação é generalizada num país onde casos de violência contra crianças continuam a alimentar um debate urgente sobre protecção infantil, pobreza e crenças tradicionais perigosas.