
O político moçambicano Venâncio Mondlane foi convocado para uma audiência na Procuradoria Geral da República (PGR) em Maputo, onde será questionado sobre oito processos que o apontam como um suposto perturbador da ordem pública. Estas investigações surgem no contexto das intensas manifestações populares que eclodiram após as eleições recentes, nas quais a vitória do candidato da FRELIMO, Daniel Chapo, gerou amplas alegações de fraude eleitoral.
Ao desembarcar no aeroporto de Maputo, Mondlane expressou seu ceticismo em relação ao processo, afirmando não ter grandes expectativas sobre sua condição de “acusado” de agitação social. Ele não reconhece a legitimidade da vitória de Chapo e critica a PGR, acusando-a de estar a serviço do governo em vez de servir à justiça. Para Mondlane, sua convocação para prestar declarações visa intimidá-lo e aterrorizar seus apoiadores.
O descontentamento popular, que se intensificou após a declaração de resultados provisórios pela Comissão Nacional de Eleições, levou a uma série de protestos, resultando em centenas de mortos e feridos, além de prejuízos significativos para a economia e infraestrutura do país. Observadores internacionais, incluindo a CPLP, também relataram irregularidades no processo eleitoral, reforçando as alegações de manipulação.
Mondlane criticou a PGR pela rapidez com que está agindo contra ele, em contraste com a inação em relação aos processos que ele mesmo apresentou, relacionados a ameaças e agressões que sofreu durante a campanha eleitoral. Ele desmentiu rumores sobre uma possível fuga do país, afirmando que isso seria uma traição à sua missão de defender os direitos do povo moçambicano.
A situação de Mondlane e a onda de protestos que se seguiram às eleições refletem um momento crítico na política de Moçambique, levantando questões sobre a transparência eleitoral e o respeito pelos direitos civis.