Desde a implementação da Nova Divisão Administrativa em Angola, a governança territorial tem enfrentado resistência, especialmente de quadros do MPLA que tiveram seus poderes reduzidos. Um dos casos mais emblemáticos envolve Milca Caquesse, ex-administradora do extinto “super-município” de Luanda, agora designada para liderar o município da Ingombota.
A reestruturação, que desmembrou o antigo super-município — antes composto por Sambizanga, Rangel, Maianga, Ingombota, Samba, Neves Bendinha e Ngola Kiluanje —, diminuiu significativamente o alcance político e administrativo de Milca. Desde então, ela tem protagonizado um impasse: recusou-se a deixar as instalações da antiga administração municipal de Luanda, confrontando diretamente o governador Luís Nunes.
A antiga sede da Ingombota foi convertida em Direção Municipal de Educação, deixando os funcionários administrativos sem um local fixo para trabalhar. “Alguns funcionários ficaram sem espaço definido para exercer suas funções, uma vez que a antiga sede está abarrotada e sem capacidade para abrigar outras direções”.
Milca, segundo informações, utilizou sua influência no Bureau Político e no Comité Central do MPLA para manter-se nas instalações da antiga administração municipal de Luanda, onde dispõe de melhores condições de trabalho.
Na segunda-feira, 13 de janeiro, Milca foi formalmente apresentada como administradora da Ingombota, mas a cerimônia ocorreu nas instalações da antiga administração de Luanda, reforçando a tensão entre ela e o governador.
Este episódio ilustra as dificuldades na implementação de reformas que buscam modernizar a gestão territorial em Angola. Apesar do potencial da Nova Divisão Administrativa, situações como esta evidenciam fragilidades institucionais e a prevalência de alianças políticas sobre a hierarquia governamental.
Via: Imparcial Press