A comunicação social pública angolana, que custou aos contribuintes 386 milhões de dólares nos últimos cinco anos, é alvo de críticas por não atender aos interesses da sociedade, funcionando como instrumento de propaganda política e manutenção do poder, segundo três especialistas renomados.
O jornal Expansão revelou que as capitalizações e subsídios operacionais mantêm empresas como Televisão Pública de Angola (TPA), Rádio Nacional, Angop, Media Nova, TV Zimbo e Edições Novembro dependentes do Estado. O Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social não comentou as críticas, mas há um esforço para que a publicidade financie duas televisões, rádios, vários jornais e uma agência de notícias.
**Críticas e Observações:**
Jaime Azulay, jornalista e jurista, argumenta que mesmo metade dos 229,8 mil milhões de Kwanzas seria muito dinheiro para a qualidade do serviço público. Ele destaca a confusão entre a comunicação institucional do Executivo e a comunicação social pública, que acaba sendo refém da primeira. A TPA, que cobre apenas 1,2% dos seus custos operacionais com publicidade, é a mais dependente das ajudas estatais.
Alexandre Solombe, jornalista e economista, lamenta a distorção do conceito de boa imprensa em Angola, onde a alocação de recursos beneficia uns e prejudica outros. Ele critica a resistência do partido no poder em tornar a Constituição funcional e justa na distribuição de recursos.
Ramiro Aleixo, analista político, prevê que os gastos sem um serviço público aceitável continuarão, pois os órgãos de comunicação estão controlados pelo Governo e pela Presidência, mantendo um cenário semelhante ao do tempo do “Eduardismo”. Ele destaca o descontentamento da sociedade com o desempenho do Presidente, o que pressiona quem controla a máquina estatal.
**Futuro e Sustentabilidade:**
O diretor nacional de Publicidade, José Matuta Cuato, reconheceu que o mercado publicitário ainda sente os efeitos da crise econômica e financeira, mas apontou a publicidade como caminho essencial para a independência financeira dos órgãos de comunicação social. O Governo angolano já havia afirmado que a publicidade deveria ser a principal fonte de sustento desses órgãos, para reduzir a dependência do Estado.