
O Ministério Público angolano apresentou acusações sérias contra os generais Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, Leopoldino Fragoso dos Nascimento “Dino” e o ex-Vice-Presidente da República, Manuel Domingos Vicente. Eles são acusados de terem orchestrado um esquema que resultou no desvio de mais de 950 milhões de dólares do Estado, por meio da venda ilícita de imóveis no projeto habitacional conhecido como Vida Pacífica.
A acusação foi revelada por Lucas Ramos, magistrado do Ministério Público, durante a leitura da denúncia no Tribunal Supremo em Luanda. O processo inclui também o advogado Fernando Gomes dos Santos, o cidadão chinês Yiu Haiming e empresas ligadas ao esquema, como China International Fund (CIF), Plansmart International Limited e Utter Right International Limited.
Embora Manuel Vicente seja citado como o principal responsável por diversos crimes, incluindo o desvio de navios de combustíveis, ele não está entre os réus deste caso específico. Os outros seis réus enfrentam acusações de peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa, abuso de poder, branqueamento de capitais e tráfico de influências.
De acordo com as investigações, o esquema ilícito começou com a transferência da titularidade dos imóveis, supostamente construídos com recursos públicos, para a empresa China International Fund, com a participação da Delta Imobiliária, sob orientação de Manuel Vicente. Essa ação teria causado prejuízo significativo ao Estado angolano.
Documentos em posse do tribunal indicam que a Delta Imobiliária é controlada por Vicente e pelos generais Kopelipa e Dino, através do grupo A4. O contrato celebrado entre essas entidades resultou na gestão do projeto habitacional, com um primeiro acordo que lesou o Estado em mais de 207 milhões de dólares.
As revelações sobre este caso destacam a gravidade da corrupção e da má gestão de recursos públicos em Angola, levantando questões sobre a justiça e a responsabilização dos envolvidos em práticas ilícitas.