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A escalada da violência na República Democrática do Congo (RDC) atinge um novo patamar com a tomada da cidade de Nyabibwe, no leste do país, pelo Movimento 23 de Março (M23). O avanço rebelde, supostamente apoiado por tropas estrangeiras, expõe a fragilidade do governo de Félix Tshisekedi e leva o ex-comandante das forças de paz da ONU na região, o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, a exigir uma intervenção urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A cidade recém-conquistada pelo M23 é rica em minerais estratégicos, como o coltan, essencial para a fabricação de dispositivos eletrônicos. De acordo com a ONU, o grupo rebelde arrecada cerca de 300 mil dólares por mês com a venda do mineral, alimentando sua ofensiva militar.
O general Santos Cruz, que comandou a missão da ONU na RDC entre 2013 e 2015, afirmou que a ofensiva do M23 tem como principal objetivo o controle das vastas riquezas minerais do leste congolês, alertando para a falsificação e contrabando de recursos naturais. Segundo ele, o Conselho de Segurança precisa agir antes que a situação se torne irreversível.
Enquanto Ruanda nega envolvimento nos ataques, as Nações Unidas apontam evidências de que entre 3 mil e 4 mil militares ruandeses operam na RDC, coordenando ofensivas do M23. O líder rebelde Corneille Nangaa chegou a ameaçar Angola, advertindo que qualquer envio de tropas angolanas para apoiar Tshisekedi resultaria no retorno dos soldados “em caixões”.
A crise também acirra a tensão entre Ruanda e África do Sul. O presidente ruandês, Paul Kagame, declarou estar pronto para um confronto militar direto, ao que a ministra da Defesa sul-africana, Matsie Angelina Motshekga, respondeu que Pretória não hesitará em reagir caso novos soldados sul-africanos sejam mortos em solo congolês.
Angola, por sua vez, mantém-se focada na mediação do conflito, sem se pronunciar sobre as ameaças. Enquanto isso, a RDC segue mergulhada no caos, com o M23 ampliando seu domínio sobre territórios estratégicos.