
O Presidente da República, João Lourenço, recebeu ontem, no Palácio Presidencial, representantes da sociedade civil que, em audiências separadas, partilharam preocupações profundas sobre a realidade social que continua a desafiar a vida de milhares de angolanos.
O ciclo de encontros incluiu o Rei Mwana Uta Kabamba, líder tradicional dos Bayakas, e dois representantes religiosos, entre eles o secretário-geral do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), reverendo Vladimir Agostinho. A mensagem comum: a urgência de soluções estruturais para combater as dificuldades enfrentadas pelas comunidades.
O soberano tradicional do Uíge, Mwana Uta Kabamba, sublinhou que a recente reorganização político-administrativa do país trouxe desafios acrescidos, principalmente no que diz respeito ao estado precário das vias de comunicação no interior da província. “As populações estão isoladas. Precisamos que o Executivo atue para garantir mobilidade e acesso aos serviços básicos”, declarou à imprensa.
Por sua vez, o reverendo Vladimir Agostinho levou ao Chefe de Estado o mais recente relatório de Monitoria Social e Avaliação Participativa da Pobreza, elaborado pelo CICA. O documento revela um retrato preocupante da situação social em províncias como a Huíla, Lunda Norte e Lunda Sul. “Há famílias a viver em condições extremamente vulneráveis, sem acesso a saúde, educação ou rendimento mínimo”, advertiu.
Os encontros, segundo fontes oficiais, fazem parte do esforço do Executivo para reforçar o diálogo com a sociedade civil e encontrar, em parceria, caminhos mais eficazes para enfrentar a pobreza e promover a coesão social. A abordagem, marcada pela escuta activa, visa também integrar as vozes locais nas decisões políticas.
Apesar da boa vontade expressa nas audiências, muitos esperam que estas reuniões não fiquem apenas nas palavras e protocolos. O país segue atento às ações concretas que possam resultar destes encontros, pois, como alertou um dos interlocutores: “O povo está cansado de esperar. Chegou o tempo de agir.”