Em um país rico em recursos naturais, a realidade da fome e da pobreza continua a afetar milhões de angolanos, enquanto o presidente João Lourenço parece alheio às necessidades urgentes do seu povo. Desde que assumiu o poder, Lourenço prometeu reformas e melhorias nas condições de vida, mas as expectativas não foram correspondidas. Com a inflação disparando e os índices de desnutrição alarmantes, muitos cidadãos questionam: até quando o líder ignorará a crise humanitária que se agrava diante dos seus olhos?
No Palácio Presidencial de Pretória, ao lado do Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, João Lourenço proclamou: “lutámos pela liberdade dos nossos povos”. No entanto, a realidade que se impõe é que essa luta parece ter favorecido mais o enriquecimento pessoal do líder angolano do que a emancipação efetiva do seu povo.
Recordo-me de Rolando Estanqueiro, um renomado advogado de Luanda, que vivia nas proximidades do Cinema Karl Marx e se destacava pelo seu sucesso e estilo de vida. O contraste entre a vida de poucos privilegiados e a realidade da maioria dos angolanos é gritante. A promessa de um movimento democrático transformou-se num instrumento de enriquecimento ilícito, beneficiando uma minoria enquanto muitos continuam a lutar por condições dignas de vida.
Recentemente, uma responsável do setor da Saúde expressou gratidão ao Presidente pela inauguração de novos hospitais, mas ressaltou que o essencial são os centros de saúde e a formação dos profissionais. Infelizmente, essas ações não geram as comissões milionárias que alimentam o ciclo de corrupção.
No dia 17, o Instituto de Comunicação Social da África Austral convocou uma manifestação contra as restrições às liberdades em Angola, pedindo aos participantes: “Erga o Punho”. Contudo, surge a dúvida: contra quem realmente devemos erguer os punhos? O jornalismo angolano enfrenta uma crise alarmante, dominado por práticas corruptas e conivência generalizada. Aqueles que ousam desafiar essa ordem correm o risco de serem silenciados.
Na última sexta-feira, denunciei falsas declarações do senhor Reginaldo Silva sobre o programa radiofónico Kudibangela, publicadas no Novo Jornal. Apesar dos meus esforços para corrigir os fatos, o jornal voltou a dar espaço ao mesmo falsificador. Essa situação exemplifica uma cultura mediática onde a verdade é frequentemente sacrificada em prol de interesses pessoais.
É imperativo erguer o punho contra essa associação de malfeitores que tomou conta do jornalismo em Angola desde 1992. João Lourenço e os atuais gestores da comunicação social parecem ser meros anjos em comparação com a corrupção enraizada que prejudica a profissão.
Enquanto isso, na Europa, Mark Rutte clama por uma “mentalidade de guerra” e mais investimentos para enfrentar a Rússia. Esta retórica bélica ecoa também nas estratégias políticas angolanas, onde João Lourenço parece alinhar-se com interesses externos desde que isso traga dinheiro. No entanto, é fundamental lembrar que valores e princípios não devem ser abandonados em nome da riqueza efêmera.
A luta por justiça e verdade deve prevalecer acima das alianças corruptas e das mentalidades bélicas. É hora de os cidadãos angolanos se unirem para exigir um futuro melhor e mais transparente.