O texto do camarada Wankana Oliveira, intitulado “Um MPLA de Respeito e que se deve dar ao Respeito para ser Respeitado”, é um retrato claro do desespero de um partido que tenta recuperar algo que ele mesmo destruiu: o respeito. Ao analisarmos o texto, percebemos que o MPLA se encontra numa encruzilhada, refém de uma liderança que perdeu o rumo e de uma narrativa esgotada, incapaz de se conectar com os reais problemas do povo.
A afirmação de que o partido “não pode estar refém de grupos de interesses” soa como uma confissão de que o MPLA se tornou refém de forças mercantilistas e grupos que desviaram seu foco original. Isso apenas confirma o que muitos angolanos já sabem: o MPLA deixou de representar os interesses do povo para se transformar numa máquina de enriquecimento de uma elite restrita.
Wankana tenta proteger João Lourenço das críticas, afirmando que a “fragilidade da unidade do MPLA não deve recair sobre o Presidente”. Mas quem deveria ser responsabilizado? João Lourenço é o principal responsável pelo estado calamitoso em que o país se encontra. Ele, como seus antecessores, não é apenas um observador, mas um agente ativo dessa crise. A bandeira do combate à corrupção que ele levantou em 2017 revelou-se uma cortina de fumaça, pois a corrupção continua, só que com novos protagonistas.
Quando se fala em “reserva moral do MPLA”, estamos falando de um partido que saqueou os cofres públicos enquanto a pobreza aumentava? De um grupo que transformou Angola numa das nações mais desiguais do mundo? A “reserva moral” é um mito construído para camuflar abusos de poder e enriquecimento ilícito, um discurso que já não convence.
O apelo à ética e à disciplina no texto soa quase trágico, considerando que esses valores foram sistematicamente abandonados pelo próprio partido que ele tenta defender. O respeito não se conquista por decretos e discursos, mas por ações concretas e políticas que priorizem o povo. Até agora, o que se vê são promessas vazias e um distanciamento cada vez maior da realidade dos cidadãos.
Se a “unidade” do MPLA é mais forte do que suas divisões, isso só revela que estão dispostos a sacrificar a verdade e os interesses do povo em nome de uma coesão fictícia. Mas essa máscara não engana mais ninguém. O povo angolano acordou, e a alternância política é o caminho que se desenha como única esperança para um futuro de respeito e justiça.
Por Hitler Samussuku.