
Em resposta às recentes declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Japão reiterou que não está adotando uma política de desvalorização de sua moeda. O ministro das Finanças, Katsunobu Kato, afirmou em uma conferência de imprensa que “não estamos a adotar uma política para enfraquecer a nossa moeda” e destacou as intervenções do governo japonês no mercado cambial nos últimos anos como evidência dessa posição.
Yoshimasa Hayashi, porta-voz do governo japonês, também refutou as alegações de Trump, assegurando que Tóquio não está implementando controle cambial. Hayashi enfatizou que as questões relacionadas ao câmbio continuarão a ser discutidas de forma estreita entre Kato e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, em continuidade ao diálogo iniciado durante a cimeira entre Trump e o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba.
As afirmações do governo japonês surgem após Trump sugerir que o Japão e a China estão desvalorizando suas moedas intencionalmente, buscando vantagens comerciais. Trump caracterizou essa situação como “injusta” para os Estados Unidos e propôs que a solução passa pela imposição de tarifas adicionais.
O Banco do Japão (BoJ) tem mantido uma política monetária de depreciação cambial por mais de uma década, visando alcançar uma inflação estável de 2%. Essa estratégia resultou na desvalorização significativa do iene em relação a outras moedas, o que, por sua vez, beneficiou as exportações e impulsionou o turismo.
Nos últimos anos, o Japão tem realizado intervenções no mercado cambial para evitar desvalorizações abruptas do iene, refletindo a diferença nas políticas monetárias entre o Japão e os Estados Unidos. Desde a ascensão de Kazuo Ueda à governança do BoJ em 2023, o banco central iniciou um ciclo de aumento das taxas, mas o iene permanece fraco.
As declarações de Trump provocaram uma valorização momentânea do iene em relação ao dólar, que estava sendo negociado a 148 unidades por dólar antes de se ajustar para 149 unidades. Essa dinâmica evidencia a sensibilidade do mercado às tensões comerciais e políticas entre as duas nações.