O Censo Geral da População e da Habitação, que teve início em 19 de setembro de 2024, era uma oportunidade crucial para Angola entender melhor a sua demografia e alocar recursos de maneira mais eficaz. No entanto, o Instituto Nacional de Estatística (INE) enfrenta sérias críticas por não ter conseguido contar toda a população, deixando muitas vozes sem representação.
Desde o início do censo, surgiram relatos de que diversas comunidades, especialmente em áreas remotas e rurais, não foram devidamente alcançadas. Contudo, o problema não se limita apenas a essas regiões. Mesmo em locais de fácil acesso, como os bairros centrais da capital, muitos cidadãos não foram contados. Essa subcontagem levanta preocupações sobre a precisão dos dados coletados e a representatividade da população angolana.
Os recenseadores, que desempenham um papel fundamental na coleta de dados, enfrentaram diversas dificuldades durante o processo. Muitos relataram que não foram tratados devidamente e que as condições de trabalho eram desafiadoras. Entre os principais problemas enfrentados, destacam-se:
Os recenseadores não receberam o suporte necessário para realizar suas atividades de forma eficaz.
Muitos enfrentaram dificuldades logísticas, como a falta de transporte e recursos adequados para a coleta de dados.
O que estava estipulado nos contratos não foi cumprido, levando à insatisfação entre os agentes do censo. Essa falta de cumprimento influenciou diretamente a contagem, pois muitos agentes, sob estresse, decidiram não trabalhar conforme o esperado, resultando em uma execução deficiente do censo
O censo foi realizado de forma digital, utilizando dispositivos móveis para a coleta de dados. No entanto, muitos entrevistadores enfrentaram problemas técnicos e logísticos, como a falta de sinal de internet e a ausência de infraestrutura adequada em diversas regiões. Esses obstáculos dificultaram a operação e resultaram em uma contagem imprecisa.
Além das dificuldades operacionais, houve também resistência por parte de alguns cidadãos em fornecer informações. Fatores como insegurança e desconfiança em relação ao processo levaram a uma participação limitada, o que, por sua vez, contribuiu para a subcontagem.
A falta de comunicação clara e transparente sobre o andamento do censo e os resultados preliminares gerou desconfiança entre a população. As críticas ao INE aumentam à medida que muitos se perguntam como os dados serão utilizados para o planejamento e desenvolvimento do país, especialmente em áreas que já enfrentam desafios significativos.
O Censo de 2024 era uma oportunidade vital para Angola, mas os desafios enfrentados e os erros cometidos pelo INE não só comprometem a precisão dos dados, como também deixam muitas pessoas sem representação. Para que o país avance e desenvolva políticas públicas eficazes, é essencial que o INE aprenda com essas falhas e implemente melhorias significativas em futuros censos. O futuro de Angola depende de uma contagem justa e precisa de sua população.