O Instituto Nacional de Estatística (INE) não publicou dados sobre o emprego informal no relatório do Inquérito ao Emprego em Angola referente ao III trimestre de 2024, pela primeira vez desde 2020. Essa omissão gerou críticas de investigadores económicos, que afirmam que a falta de informações inviabiliza a pesquisa acadêmica sobre a informalidade e a empregabilidade na economia angolana.
No II trimestre de 2024, a taxa de informalidade no emprego era de 78,4%, com 9.498.590 angolanos empregados em atividades informais, em um total de 12.108.854. Apenas 2.719.544 tinham emprego formal. Apesar de a introdução do relatório indicar a inclusão de gráficos sobre a taxa de emprego informal, esses dados não foram apresentados, assim como a taxa habitual na seção de “Síntese dos principais indicadores”.
A ausência dessas informações impede a avaliação sobre a criação de emprego digno e seguro, dificultando a análise da eficácia das políticas de emprego e do impacto do crescimento econômico. O economista Fernandes Wanda considera a omissão “estranha e injustificada”, enfatizando a necessidade de esclarecimentos do INE.
Heitor Carvalho, diretor do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola, observa que a ausência de dados sobre a informalidade parece ser uma tentativa de apresentar um crescimento do emprego sem distinguir entre formal e informal. Ele critica a inconsistência dos dados de 2024 em relação aos anos anteriores, argumentando que a narrativa do INE não condiz com a realidade observada.
O Expansão tentou, sem sucesso, obter esclarecimentos do INE sobre a situação, com um responsável, sob anonimato, sugerindo que poderia ter sido um “erro técnico”. Até o fechamento da edição, não havia informações sobre a correção dos dados omitidos.