
Nos bastidores da política angolana, um movimento estratégico ganha força, envolvendo uma figura de peso: o general reformado Higino Carneiro. Após a sua permanência no Comité Central do MPLA, o militar, que ganhou notoriedade por suas acções durante a guerra civil e o período pós-guerra, prepara uma possível saída do partido e articula o que parece ser um ‘plano B’ para 2027. O alvo? A presidência de Angola.
Fontes próximas a Higino Carneiro revelaram ao Correio da Kianda que o general está a considerar uma candidatura independente à liderança de Angola, caso a sua busca pela presidência do MPLA seja frustrada. A alternativa que está a ser desenhada passa pela adesão ao partido CIDADANIA, uma nova força política liderada por Júlio Bessa, ex-governador de Cuando Cubango. Este movimento surge como uma tentativa de construir uma nova plataforma política capaz de desafiar o status quo em 2027.
A preparação deste “plano B” de Higino Carneiro está directamente ligada ao congresso do MPLA previsto para 2026. Caso o actual presidente do partido, João Lourenço, não permita uma disputa interna pela liderança, o general poderá ver a sua única opção sendo um passo fora do MPLA, apoiado pela nova formação política. A ideia seria usar a sua vasta experiência militar e política para liderar uma plataforma de reformas institucionais e de combate à pobreza, num discurso centrado em mudar o rumo do país.
Por trás desta ambição presidencial, existe uma história pessoal que é revelada no próprio livro de memórias de Carneiro. Uma profecia do seu pai, Luís Lopes Carneiro, durante a visita de Francisco Higino Craveiro Lopes a Angola em 1954, afirmando que o seu filho seria “general e presidente”, parece ser uma motivação a mais para a sua actual busca pela presidência. Para Higino, a corrida presidencial representa a realização de um destino pessoal traçado ainda na sua juventude.
Contudo, a política angolana é marcada por alianças e traições, e Higino Carneiro não está a trabalhar isoladamente. O CIDADANIA, partido de Júlio Bessa, tem tentado atrair dissidentes e figuras do MPLA, criando uma base silenciosa e estratégica no centro e sul do país. O próprio Higino, embora ainda formalmente ligado ao MPLA, tem movido peças nos bastidores, esperando a oportunidade certa para definir o seu caminho político.
Com o congresso do MPLA a aproximar-se, a tensão cresce. A possível saída de Carneiro do MPLA e a sua candidatura independente não são mais uma mera especulação, mas um movimento calculado que poderia mudar as dinâmicas políticas em Angola. Se esse “plano B” se concretizar, a disputa política em 2027 pode trazer uma nova configuração no campo das presidenciais, colocando o general como um rival de peso para o actual regime. E, se as estrelas se alinharem, a profecia do pai de Higino Carneiro poderá tornar-se realidade, com ele a assumir a liderança do país.
Agora, a única questão que resta é saber se o futuro político de Angola permitirá a Carneiro concretizar o que começou como uma simples profecia de infância.