
Num país onde mais de um terço das estradas se encontra em estado crítico, o Executivo angolano anuncia um ambicioso plano para transformar a malha rodoviária nacional até 2027. Ao todo, estão previstas obras em mais de 9.950 quilómetros, segundo dados do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027, consultados pelo jornal O País.
O programa, liderado pelo Ministério das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação (MINOPUH), inclui construção, reabilitação e manutenção de estradas nacionais e municipais. A meta principal é melhorar a conectividade entre as províncias, promover o desenvolvimento regional e assegurar vias de ligação entre zonas costeiras, interiores, portos, aeroportos e fronteiras.
Actualmente, Angola dispõe de uma rede rodoviária com cerca de 79.300 km, dos quais 27.600 km são classificados como estradas nacionais. Contudo, apenas 12.000 km destas estão asfaltadas, cerca de 43,7%. O retrato da situação é preocupante: um diagnóstico recente aponta que 35% dos pavimentos avaliados (de um total de 10.120 km) estão em ruínas, e mais de 60% das vias reabilitadas já atingiram ou ultrapassaram a sua vida útil de dez anos.
Neste contexto, o Governo pretende construir 2.400 km de novas estradas nacionais e 250 km de novas vias municipais. Está também prevista a reabilitação de 1.100 km de estradas nacionais e 100 km de estradas municipais. A estas somam-se 7.300 km de estradas de terra batida, destinadas a melhorar o acesso a zonas remotas.
Apesar da dimensão do plano, a sua execução dependerá de uma rigorosa gestão financeira e da capacidade de garantir sustentabilidade a longo prazo. O MINOPUH sublinha que o foco estará na priorização de vias estratégicas e no reforço da ligação entre centros urbanos e zonas rurais.
Enquanto isso, a população continua a enfrentar diariamente os efeitos do abandono das vias: longas horas de viagem, encarecimento dos produtos e isolamento de comunidades inteiras. O desafio agora será transformar promessas em asfalto e garantir que as estradas construídas não sejam, novamente, projectos com prazo de validade curto.