
O Governo de Angola enfrenta um compromisso significativo no segundo trimestre de 2025, com a necessidade de desembolsar 3.576,9 milhões de dólares em dívidas internas e externas. Esse montante representa 27% do total de 13.416,2 milhões de dólares que está previsto para ser gasto ao longo do ano, conforme revelam as análises do Plano Anual de Endividamento.
Embora o início de 2025 tenha previsto uma diminuição nos esforços para o pagamento da dívida, o segundo trimestre exige um esforço adicional mais robusto. No entanto, o valor estipulado é inferior aos 4.647,5 milhões de dólares projetados para o quarto trimestre deste ano. Estima-se que Angola gastará aproximadamente 3,5 bilhões de dólares a menos no pagamento de juros e amortizações em comparação com 2024, um alívio após três anos em que o país teve que arcar com mais de 17 bilhões de dólares anualmente devido à retomada dos pagamentos suspensos durante as moratórias de 2020 e 2021.
Apesar dessa redução, a pressão sobre os cofres públicos persistirá. O governo está sob a pressão adicional das celebrações dos 50 anos de independência e da intenção de inaugurar várias obras e projetos para comemorar a data, embora detalhes sobre esses planos ainda não tenham sido divulgados publicamente. Para sustentar o pagamento da dívida e lidar com despesas não prioritárias, o governo continuará a contrair novos empréstimos, com 49% das despesas do Orçamento Geral do Estado (OGE) destinadas a pagar a dívida, especialmente em um cenário internacional desafiador.
A captação de financiamentos enfrenta incertezas externas, exacerbadas pela volatilidade do mercado, como a queda nos preços do petróleo, que se aproximam de 70 dólares por barril — o valor de referência no OGE de 2025. Cada baixa de 5 dólares no preço do petróleo pode dobrar o déficit orçamentário previsto de 1,5% para 3% do PIB.
O economista Álvaro Mendonça ressalta que, embora a emissão de nova dívida para amortizar a antiga possa ser uma prática comum, é crucial que os novos financiamentos ofereçam condições mais favoráveis para reduzir os encargos. Mendonça alerta que, com a elevada dívida pública, é essencial diminuir o estoque da dívida, o que requer que as amortizações superem os novos empréstimos.
Ele destaca que a situação orçamentária, onde metade das receitas é destinada a credores, torna a gestão financeira ainda mais complicada. Para evitar um agravamento da situação, é imperativo um controle rigoroso das despesas públicas, especialmente em gastos desnecessários, que não contribuem para o crescimento do país, conforme alertado pelo FMI.