
O general Pedro Pezarat Correia, um dos membros vivos da delegação portuguesa que negociou o Acordo de Alvor com os movimentos de libertação angolanos, afirmou que o MPLA, FNLA e UNITA não estavam de boa-fé no processo negocial. Em entrevista à Lusa, Pezarat Correia destacou que os movimentos de libertação tinham como principal objetivo usar o acordo como base legal para a saída da presença portuguesa em Angola, sem um real compromisso com a implementação dos termos acordados.
Pezarat Correia também mencionou que o Acordo de Alvor previa a formação de forças militares mistas para garantir o cessar-fogo durante a transição, mas que essas forças nunca foram constituídas devido à falta de colaboração dos movimentos de libertação, que aumentaram seus efetivos em vez de contribuir com os homens para a formação dessas forças. A situação culminou em violação do acordo, com cada movimento buscando apoios externos, o que precipitou a recrudescência do conflito.
O general ainda refutou as críticas de que Portugal apressou a descolonização de Angola, explicando que a situação de instabilidade e a pressão externa tornaram impossível manter o controle sobre o território. Ele também detalhou a interferência de países vizinhos, como o Zaire e a África do Sul, e a intervenção de Cuba com apoio soviético em favor do MPLA, que acabou por garantir a vitória do movimento de Agostinho Neto.