
Ex-chefe militar da UNITA afirma que preferiu dialogar com alvos de suspeita em vez de executar ordens de eliminação provenientes de Jonas Savimbi.
O general Geraldo Sachipengo Nunda admitiu publicamente que, durante o período da guerrilha, recebeu instruções para eliminar determinados elementos dentro do movimento, mas optou por não o fazer por considerar que muitas das acusações se baseavam em intrigas e mal-entendidos.
Em entrevista concedida à Rádio Nacional de Angola, no contexto das celebrações dos 50 anos da Independência Nacional, Nunda recordou os momentos de tensão vividos nas fileiras da UNITA, onde decisões drásticas eram frequentemente sugeridas com base em suspeitas nem sempre verificadas.
“Recebi ordens para eliminar pessoas. Nunca as cumpri. Preferia dialogar, tentar entender a origem das desconfianças. Muitas vezes, tratava-se apenas de intrigas internas”, afirmou o general, ao explicar a sua postura de contenção perante as acusações que circulavam na altura.
A sua resistência em cumprir tais ordens, segundo contou, levou a desentendimentos com figuras de destaque dentro da UNITA, incluindo o próprio líder Jonas Savimbi. “Houve um afastamento entre mim e algumas lideranças por causa disso. Mas eu não achava justo tirar a vida de alguém sem clareza sobre os factos”, disse.
A revelação do general Nunda lança luz sobre os bastidores da guerrilha e os dilemas éticos enfrentados por militares em momentos de conflito interno, onde o julgamento precipitado de lealdades podia custar vidas.
Nunda, que mais tarde viria a desempenhar funções de chefia nas Forças Armadas Angolanas, termina o seu testemunho com uma mensagem de reconciliação e de valorização da verdade como caminho para a justiça