
Durante uma audição no julgamento que ocorre em Luanda, o General Kopelipa refutou as acusações do Ministério Público de que, em conluio com o General Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” e o engenheiro Manuel Domingos Vicente, ex-PCA da Sonangol, teria arquitetado um esquema que resultou no desfalque de 950 milhões, 694 mil e 400 dólares do Estado Angolano, relacionado ao projeto habitacional Vida Pacifica.
O general esclareceu que, até a data em que deixou suas funções como diretor do GRN em 2010, a Sonangol não havia realizado pagamentos duplicados à construtora envolvida no projeto. Ele afirmou que as obras de todos os projetos habitacionais sob a responsabilidade do GRN foram entregues à Sonangol Imobiliária (Sonip), a qual continuou com a execução das obras. Kopelipa alegou que tomou conhecimento da troca de empreiteiras apenas através dos trâmites legais desse processo.
Questionado sobre sua ligação com a Delta Imobiliária, que possuía um contrato com a Sonip para a venda dos imóveis, Kopelipa esclareceu ser acionista da A4 Internacional, sócia majoritária da Delta. No entanto, ele ressaltou que não participou de assembleias de sócios onde qualquer vínculo entre Delta e Sonip teria sido aprovado.
“Enquanto acionista da A4, não tive contato nem assinei contrato de reembolso entre a CIF e a Delta Imobiliária”, enfatizou o general, destacando que tal decisão foi tomada pelo administrador da Delta em conjunto com o então PCA da Sonangol, Manuel Vicente.
A acusação sustenta que a Delta Imobiliária é propriedade do engenheiro Manuel Vicente e dos generais Kopelipa e Dino, representados pelo grupo A4. O esquema ilícito teria se iniciado com a transferência da titularidade dos imóveis para a empresa China Internacional Fund (CIF) Hong Kong, sob orientação do ex-Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, resultando em prejuízos significativos ao Estado angolano.
De acordo com os magistrados, o contrato firmado transferiu a propriedade e gestão do projeto habitacional à CIF Hong Kong. O Estado angolano teria efetuado pagamentos à CIF, que posteriormente transferiu os imóveis para a Sonip com base em um contrato de reembolso assinado em 2011. No mesmo ano, um novo acordo foi celebrado envolvendo os mesmos edifícios por um valor superior de 268 milhões, 347 mil e 200 dólares.
O julgamento prossegue enquanto as partes envolvidas buscam esclarecer os detalhes deste complexo caso.