A Frente Patriótica Unida (FPU), que reúne os partidos angolanos UNITA, Bloco Democrático (BD) e PRA-JÁ Servir Angola, enviou uma carta ao Presidente moçambicano Filipe Nyusi, solicitando que ele atue com “toda a serenidade” em um momento de grave crise no país. A missiva, datada de quarta-feira, 8, é assinada por Adalberto da Costa Júnior, Filomeno Vieira Lopes e Abel Chivukuvuku, que expressam sua preocupação com a situação política e social em Moçambique.
Na carta, os líderes da FPU ressaltam que a inquietação aumenta com a iminente greve geral programada para a próxima segunda-feira, que pode agravar ainda mais as dificuldades enfrentadas pelo país. Eles pedem a Nyusi que proteja Venâncio Mondlane, considerando que sua liderança em um movimento que reivindica a verdade eleitoral torna-o vulnerável a possíveis ataques à sua integridade física.
Os três dirigentes alertam que qualquer ação contra Mondlane pode levar Moçambique ao caos, o que não interessa a ninguém, incluindo setores de poder que ainda não perceberam a necessidade de mudar as formas de governança e renegociar o “contrato social”. Eles criticam a arquitetura jurídico-legal dos sistemas eleitorais na região, que ainda padecem do vício original do partido-Estado.
Além disso, Costa Júnior, Chivukuvuku e Vieira Lopes instam Nyusi a valorizar a “sabedoria africana” e a estar aberto a estímulos de várias forças, tanto africanas quanto internacionais, que têm influência econômica e militar em Moçambique. Eles também se comprometem a incentivar o governo angolano a promover a paz e a estabilidade no país vizinho.
Na carta de duas páginas, os políticos angolanos recordam que a ressaca das guerras civis e as insurgências militares, combinadas com a desagregação econômica e social, estão alimentando tensões que ameaçam a coesão nacional e a integridade territorial de ambos os países.
A FPU menciona mortes de figuras políticas e ativistas, como Elvino Dias, Paulo Guambe e Anastácio Matável, como exemplos de motivações políticas não esclarecidas, que contribuíram para o clima de descrédito do Estado e a insatisfação popular.
Por fim, a carta foi compartilhada com o secretário-geral das Nações Unidas, a União Africana, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, líderes de partidos políticos e religiosos, organizações da sociedade civil e autoridades tradicionais de Moçambique, buscando ampliar a conscientização sobre a situação no país.