
A eleição de Friedrich Merz como novo chanceler da Alemanha conheceu hoje um revés significativo, ao não alcançar a maioria necessária na primeira ronda de votação no Bundestag, reacendendo as tensões políticas num país em busca de estabilidade. A extrema-direita alemã, representada pela Alternativa para a Alemanha (AfD), reagiu de imediato exigindo a convocação de novas eleições legislativas.
Alice Weidel, co-líder da AfD, declarou na rede social X que Merz “deve renunciar imediatamente” e que o partido está “pronto para assumir a responsabilidade governamental”. Weidel destacou que é a primeira vez na história da República Federal que um candidato a chanceler falha na primeira votação parlamentar, sublinhando a “fragilidade” da coligação entre a CDU/CSU e o SPD.
A coligação conservadora, apesar de contar com 328 lugares no Bundestag — mais do que os 316 votos necessários — falhou a maioria, com Merz a obter apenas 310 votos, o que levanta suspeitas de dissensões internas ou abstenções estratégicas. A sessão foi suspensa e os grupos parlamentares estão agora reunidos para decidir os próximos passos.
A tensão aumenta num momento em que o próprio AfD foi classificado oficialmente como uma organização de extrema-direita pelo serviço de informações interno, tornando o partido alvo de vigilância intensificada. Ainda assim, o AfD mantém influência crescente, tendo ficado em segundo lugar nas eleições de Fevereiro.
Friedrich Merz, de 69 anos, candidato da CDU, pretende suceder a Olaf Scholz, apostando numa política mais restritiva em matéria de imigração e num alívio fiscal para as empresas. No entanto, o SPD, parceiro de coligação, poderá bloquear partes do seu programa, sobretudo as mais liberais em matéria económica.
A Alemanha entra assim num período delicado de incerteza institucional, com consequências potenciais para a estabilidade europeia, a política migratória comum e a resposta ocidental à guerra na Ucrânia. A exigência da AfD de eleições antecipadas adiciona um novo elemento de pressão num xadrez político que poderá ter consequências duradouras.