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O exército do Sudão anunciou a quebra do cerco imposto pelas Forças de Apoio Rápido (RSF) à cidade de Obeid, um avanço significativo que restabelece o acesso a essa área estratégica no centro-sul do país. O porta-voz das forças armadas, general Nabil Abdullah, confirmou que as tropas não apenas reabriram a estrada para Obeid, mas também expulsaram os paramilitares do último bastião na província do Nilo Branco.
Esse progresso é crucial, pois Obeid serve como um importante centro comercial e de transporte, conectado por uma linha ferroviária que liga Cartum à capital da província de Darfur do Sul, Nyala. Abdullah destacou que a restauração da infraestrutura não só facilita o abastecimento, mas também fortalece as rotas essenciais para a logística militar.
O ministro das Finanças, Jibril Ibrahim, elogiou o avanço, caracterizando-o como um “grande passo” para aliviar o cerco da RSF a el-Fasher, a capital da província de Darfur do Norte, e para permitir a entrega de ajuda humanitária à região de Kordofan.
As RSF têm enfrentado perdas territoriais significativas, especialmente nas províncias de Cartum e Al Jazira, além do Nilo Branco e do Cordofão do Norte, onde os paramilitares ainda mantêm o controle sobre grandes áreas. O anúncio da quebra do cerco ocorre em um momento crítico, logo após a assinatura de um acordo entre as RSF e 23 outros grupos político-militares em Nairóbi, no Quênia, para formar um governo paralelo.
No contexto desse acordo, os grupos assinaram uma carta política, a chamada Aliança Fundadora do Sudão, que estabelece os princípios para a construção de um “novo Sudão”, caracterizado por um Estado secular e democrático. Os participantes enfatizaram a importância de um governo que respeite a liberdade, igualdade, justiça e diversidade, propondo também um modelo descentralizado que possibilite a autodeterminação das regiões.
A guerra civil no Sudão já resultou em dezenas de milhares de mortes e deslocou cerca de 12 milhões de pessoas, tornando-se a maior crise de deslocamento do mundo, de acordo com a ONU. O desfecho do cerco a Obeid representa um movimento estratégico em meio a um cenário de profundas transformações políticas e sociais no país.