
O ex-ministro das Finanças e ex-governador do Cuando Cubango, Júlio Bessa, surpreendeu ao assumir a presidência do Partido Cidadania, recentemente legalizado pelo Tribunal Constitucional em 2024. A sua saída do MPLA, onde ocupou cargos no Bureau Político e no Comité Central, levanta questões sobre o impacto deste novo partido nas eleições de 2027.
A principal dúvida é se o Partido Cidadania servirá para dividir votos ou se representa um verdadeiro desafio à hegemonia do MPLA. O jurista Agostinho Canando acredita que a saída de Bessa é um indício de enfraquecimento interno do MPLA, mas não um reflexo de maior democratização.
“O MPLA tem uma estrutura que não permite um processo democrático tão aberto como em outros partidos. Isso pode ser um sinal de deterioração interna”, afirmou Canando.
Por outro lado, o jurista não descarta a possibilidade de o Partido Cidadania ter sido criado com o objectivo de dispersar votos na oposição, favorecendo indiretamente o MPLA.
“O plano republicano desse partido ainda não foi apresentado. Pode ser uma estratégia para confundir o eleitorado”, acrescentou.
Apesar da mudança de cenário, Canando não acredita que o MPLA vá perder mais membros significativos até 2027, argumentando que a legenda ainda é forte e pode criar distrações políticas para aparentar fraqueza, enquanto mantém sua base sólida.